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Coreia do Norte dá tratamento desumano a presos, diz ONU

Relator especial da ONU também afirmou que as ameaças mútuas com os EUA estão desviando a atenção das necessidades dos norte-coreanos

Relatório de 2014 da ONU catalogou violações em massa na Coreia do Norte -incluindo grandes campos de prisioneiros, fome e execuções (KCNA/Reuters)

Relatório de 2014 da ONU catalogou violações em massa na Coreia do Norte -incluindo grandes campos de prisioneiros, fome e execuções (KCNA/Reuters)

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Reuters

Publicado em 11 de agosto de 2017 às 14h53.

Genebra - Há suspeitas de que presos estrangeiros na Coreia do Norte estão tendo suas garantias legais negadas e sendo mantidos em condições desumanas, disse um investigador da Organização das Nações Unidas (ONU) nesta sexta-feira.

Tomás Ojea Quintana, relator especial de direitos humanos da ONU para a Coreia do Norte, também afirmou que as ameaças militares mútuas de Washington e Pyongyang estão desviando a atenção das necessidades dos norte-coreanos comuns.

Nesta semana, ele saudou a libertação por razões humanitárias do pastor canadense Hyeon Soo Lim, que cumpriu mais de 2 anos de uma pena perpétua de trabalhos forçados por ter sido acusado de tramar para derrubar o regime. Na quinta-feira a família de Lim disse que ele não está em estado crítico.

Mas ao menos nove outros estrangeiros - três norte-americanos e seis cidadãos da Coreia do Sul- continuam sob custódia na Coreia do Norte, informou o especialista da ONU.

Otto Warmbier, um estudante norte-americano preso há 17 meses depois de ser condenado a 15 anos de trabalhos forçados por tentar roubar um item de propaganda do hotel em que se hospedava, foi libertado em coma em junho e morreu dias depois. As circunstâncias de sua morte ainda não estão claras.

"Estou preocupado com relatórios segundo os quais os detidos não estão recebendo as devidas garantias legais e estão sendo detidos em condições desumanas", disse Ojea Quintana em um comunicado emitido em Genebra.

As autoridades norte-coreanas têm obrigação de proporcionar acesso a apoio consular e um intérprete a detidos estrangeiros, "mas estes direitos não podem ser vistos como algo garantido, com base nas informações que estou recebendo", disse.

O Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV), que visita detidos em todo o mundo, não tem acesso aos campos de prisioneiros políticos na Coreia do Norte, que se acredita abrigarem cerca de 100 mil pessoas.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, fez uma nova ameaça a Pyongyang nesta sexta-feira dizendo que as armas de seu país estão "carregadas e engatilhadas". Já o regime o acusa de estar deixando a Península Coreana à beira de uma guerra nuclear.

"Estas ameaças desviam a atenção da situação dos norte-coreanos comuns, cujas necessidades de subsistência e proteção deveriam ser tratadas como uma prioridade absoluta", afirmou Ojea Quintana, advogado argentino que assumiu o posto independente na ONU no ano passado.

Um relatório de 2014 da entidade catalogou violações em massa na Coreia do Norte -incluindo grandes campos de prisioneiros, fome e execuções- que deveriam ser encaminhadas ao Tribunal Penal Internacional (TPI), disse.

O relatório histórico, rejeitado com contundência por Pyongyang, disse que o líder norte-coreano, Kim Jong Un, pode ser responsabilizado pessoalmente por crimes contra a humanidade.

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