Imagem do foguete Unha-3 na Coreia do Norte: os Estados Unidos condenaram a ameaça norte-coreana como "uma provocação desnecessária". (Kns/AFP)
Da Redação
Publicado em 12 de fevereiro de 2013 às 07h36.
Washington - A Coreia do Norte anunciou nesta quinta-feira a intenção de realizar um novo teste nuclear, um desafio aos Estados Unidos e às sanções da ONU, após o lançamento, em dezembro, de um foguete considerado por Washington um míssil balístico.
"Os satélites e os foguetes de longo alcance que seguiremos lançando e o teste nuclear de alto nível que vamos realizar estão dirigidos ao nosso pior inimigo, os Estados Unidos", anunciou a comissão de defesa nacional norte-coreana em uma mensagem divulgada pela agência oficial de notícias KCNA.
"As divergências com os Estados Unidos são resolvidas pela força, não com palavras", acrescentou a comissão.
O texto, intitulado "Começar um confronto total para salvaguardar a soberania da nação e do povo" não indica a data na qual o teste será realizado.
O comunicado tampouco esclarece o sentido do termo "alto nível", mas pode indicar que a Coreia do Norte quer detonar uma bomba de urânio, e não uma bomba de plutônio, como em testes anteriores.
"É muito possível que utilize urânio altamente enriquecido para o teste", disse Kim Yong-Hyun, um especialista de temas norte-coreanos na Universidade de Dongguk.
os Estados Unidos condenaram a ameaça norte-coreana como "uma provocação desnecessária".
"A declaração da Coreia do Norte é uma provocação desnecessária", afirmou o porta-voz da Casa Branca, Jay Carney, acrescentando que uma nova prova nuclear seria uma violação significativa das sanções da ONU e isolará ainda mais Pyongyang.
Por sua vez, o enviado especial americano para a Coreia do Norte, Glyn Davies, que está em Seul, pediu a Pyongyang para que não leve adiante suas ameaças. "Seria um erro e uma oportunidade perdida", assegurou.
Se ocorrer um novo teste nuclear, ele seria o terceiro depois dos de 2006 e 2009, que já valeram à Coreia do Norte uma série de sanções.
A Coreia do Sul lamentou profundamente o anúncio do teste e pediu ao seu vizinho do norte que ouça as advertências da comunidade internacional.
"O governo pede formalmente à Coreia do Norte que leve em conta as advertências constantes da comunidade internacional e renuncie a qualquer ato de provocação, incluindo testes nucleares", declarou um porta-voz da diplomacia sul-coreana.
O Conselho de Segurança da ONU, incentivado por Washington, Seul e Tóquio e com o voto da China, aprovou na terça-feira uma resolução que amplia as sanções contra a Coreia do Norte pelo lançamento de um foguete no dia 12 de dezembro, que infringiu suas resoluções anteriores.
A resolução 2087 aprovada na terça-feira por unanimidade condena o lançamento de 12 de dezembro e exige que a Coreia do Norte "não realize nenhum outro lançamento nuclear ou lançamento utilizando tecnologia de mísseis balísticos".
A China terminou votando o texto após longas negociações com Washington e conseguiu que apenas fossem ampliadas as sanções existentes, mas que nenhuma nova fosse criada.
Após a votação, a embaixadora americana Susan Rice disse que a Coreia do Norte "pagará um preço cada vez mais alto" se optar pelo confronto.
A China, principal aliada da Coreia do Norte, pediu nesta quinta-feira calma a
todas as partes envolvidas.
"Esperamos que todas as partes envolvidas conservem a calma, sejam comedidas em suas palavras e em suas ações e levem em conta os interesses no longo prazo", disse o porta-voz do ministério das Relações Exteriores chinês, Hong Lei.
Por sua vez, a Coreia do Norte lembrou sua rejeição categórica a "todas as resoluções ilegais e traidoras adotadas pelo Conselho de Segurança", segundo o texto da comissão de defesa.
De acordo com a agência de notícias sul-coreana Yonhap, que cita os serviços de inteligência sul-coreanos, Pyongyang terminou os preparativos técnicos para o teste, que pode ser realizado nos próximos dias.