Mundo

Coreia do Norte ameaça o Sul; China se impacienta

A Coreia do Norte anunciou na quinta-feira sua intenção de realizar um novo teste nuclear, um desafio aos Estados Unidos, seu "pior inimigo", e às sanções da ONU

O chefe das forças armadas da Coreia do Norte, Ri Yong-ho, faz apresentação de informe em Pyongyang em abril de 2012
 (KCNA via KNS/AFP)

O chefe das forças armadas da Coreia do Norte, Ri Yong-ho, faz apresentação de informe em Pyongyang em abril de 2012 (KCNA via KNS/AFP)

DR

Da Redação

Publicado em 25 de janeiro de 2013 às 08h37.

Seul - A Coreia do Norte ameaçou nesta sexta-feira a Coreia do Sul com represálias físicas caso se associe às novas sanções votadas nesta semana pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas.

"Se os traidores do regime fantoche da Coreia do Sul participarem diretamente das alegadas 'sanções' das Nações Unidas, serão tomadas severas represálias físicas", advertiu o Comitê norte-coreano para a Reunificação Pacífica da Pátria.

A Coreia do Norte anunciou na quinta-feira sua intenção de realizar um novo teste nuclear, um desafio aos Estados Unidos, seu "pior inimigo", e às sanções da ONU após o lançamento em dezembro de um foguete considerado por Washington como um míssil balístico.

"Estas sanções são uma declaração de guerra contra nós", considerou o Comitê norte-coreano.

Um novo teste nuclear norte-coreano seria o terceiro, depois dos realizados em 2006 e 2009 que respondiam já na época às sanções votadas na ONU depois dos lançamentos de foguetes.

Na resolução, o Conselho de Segurança expressou "sua determinação em adotar medidas significativas no caso de um novo lançamento ou teste nuclear norte-coreano".


De acordo com os princípios da resolução, Washington adotou novas sanções contra entidades ou indivíduos acusados de contribuir para seu programa nuclear militar.

"A declaração da Coreia do Norte é uma provocação desnecessária", disse o porta-voz da Casa Branca, Jay Carney, acrescentando que um novo teste nuclear seria uma violação significativa das sanções da ONU e isolaria Pyongyang ainda mais.

O secretário de Defesa, Leon Panetta, ressaltou, por sua vez, que os Estados Unidos estão plenamente preparados para encarar um teste como esse.

O governo americano informa que estas medidas respondem à resolução 2087 do Conselho de Segurança da ONU votada na terça-feira após o lançamento de 12 de dezembro.

Este texto é fruto de intensas negociações entre Washington e China, que votou a favor depois de ter defendido uma simples declaração.

Em uma rara advertência a sua aliada, a China afirmou nesta sexta-feira que "não vacilará" em reduzir sua ajuda à Coreia do Norte se Pyongyang realizar um novo teste nuclear.

"Se a Coreia do Norte realizar novos testes nucleares, a China não vacilará em reduzir sua ajuda" ao regime de Kim Jong-Un, escreve o Global Times em um editorial, no qual afirma que a situação na península coreana coloca Pequim diante de um dilema.

"Parece que a Coreia do Norte não aprecia os esforços da China. Critica a China sem dizer seu nome explicitamente", prossegue o editorial do jornal em língua inglesa.

O jornal cita uma declaração norte-coreana que evoca "estes grandes países (...) que abandonam sem hesitar até os princípios mais elementares, por influência do arbitrário americano", alusão transparente à China, que votou as sanções contra seu aliado na ONU.

"Deixemos a Coreia do Norte com sua 'ira'", escreve o jornal, acrescentando que "a China deve reduzir suas expectativas quanto aos efeitos de suas estratégias com a península", porque "nos afastamos cada vez mais do objetivo de sua desnuclearização".

Adverte que se Seul, Tóquio e Washington tomarem o caminho de sanções extremas contra Pyongyang, a China se oporá resolutamente porque "devemos preservar nosso interesse nacional".

A Coreia do Norte, onde a fome deixou centenas de milhares de mortos na década de 1990, sobrevive economicamente graças ao apoio chinês e à ajuda alimentar internacional.

Pequim deseja uma península estável, mas "tampouco será o fim do mundo se ocorrerem incidentes ali", e isto "deve ser a base de nossa posição", acrescenta o jornal.

O Global Times, que publica o mesmo editorial em suas versões em inglês e chinês, é um jornal do grupo do Diário do Povo, o órgão central do Partido Comunista chinês.

Seus editoriais, de tom mais livre que os comentários oficiais, refletem um ponto de vista autorizado pela totalidade ou por parte da direção chinesa.

Acompanhe tudo sobre:ÁsiaChinaConselho de Segurança da ONUCoreia do NorteCoreia do Sul

Mais de Mundo

À espera de Trump, um G20 dividido busca o diálogo no Rio de Janeiro

Milei chama vitória de Trump de 'maior retorno' da história

RFK Jr promete reformular FDA e sinaliza confronto com a indústria farmacêutica

Trump nomeia Robert Kennedy Jr. para liderar Departamento de Saúde