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Coreia do Norte ameaça EUA com ataques nucleares

O governo norte-coreano aumentou sua retórica belicista nesta quinta-feira


	Desfile militar em Pyongyang: a Coreia do Norte ameaçou usar armas nucleares
 (Ed Jones/AFP)

Desfile militar em Pyongyang: a Coreia do Norte ameaçou usar armas nucleares (Ed Jones/AFP)

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Da Redação

Publicado em 4 de abril de 2013 às 11h17.

Seul - A Coreia do Norte aumentou sua retórica belicista nesta quinta-feira, ao advertir que seu Exército conta com a autorização final para lançar um ataque contra os Estados Unidos utilizando, eventualmente, armas nucleares.

A Rússia, por sua vez,considerou inaceitável que a Coreia do Norte não respeite as resoluções da ONU (sobre a não-proliferação nuclear) e afirmou que as iniciativas de Pyongyang no âmbito nuclear bloqueiam de fato uma retomada das negociações multilaterais.

"A atitude da Coreia do Norte complica, ou inclusive bloqueia, as perspectivas de retomar as negociações entre os seis", declarou o porta-voz do ministério das Relações Exteriores da Rússia, Alexander Lukashevich.

Por sua vez, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, declarou-se nesta quinta-feira "profundamente preocupado" pela escalada da retórica da Coreia do Norte, durante uma coletiva de imprensa em Mônaco.

O Estado-Maior do Exército norte-coreano disse que informava oficialmente Washington que os americanos serão esmagados utilizando "meios nucleares", segundo um comunicado citado pela agência oficial norte-coreana, KCNA.

"A operação sem compaixão" das forças norte-coreanas "foi definitivamente examinada e ratificada", disse o exército, acrescentando que uma guerra na península coreana pode explodir "hoje ou amanhã".

"Os Estados Unidos devem refletir sobre a grave situação atual", acrescentou, considerando que os voos de bombardeiros B-52 e B-2 americanos sobre a Coreia do Sul eram a origem deste agravamento da crise.

Apesar do disparo bem-sucedido de um míssil em dezembro, os especialistas não consideram que neste momento a Coreia do Norte tenha capacidade para atacar diretamente o território americano. No entanto, Pyongyang ameaçou atacar Guam e Havaí, e está em condições de atingir a Coreia do Sul e o Japão, onde encontram-se 28.500 e 50.000 soldados americanos, respectivamente.


A agência sul-coreana Yonhap e o jornal japonês Asahi Shimbun indicaram que a Coreia do Norte parec ter instalado em sua costa oriental uma bateria de mísseis Musudan de médio alcance (3.000 km).

Segundo fontes de inteligência militar citadas pela Yonhap, a Coreia do Norte pode lançar um míssil no dia 15 de abril, aniversário do nascimento do fundador do regime comunista, Kim Il-Sung, que faleceu em 1994.

"Vemos hoje uma nova declaração da Coreia do Norte que emite novamente uma ameaça que não é construtiva", declarou a porta-voz do Conselho Nacional de Segurança, Caitlin Hayden, referindo-se a uma declaração "que isola um pouco mais a Coreia do Norte do resto da comunidade internacional".

"A Coreia do Norte deve deter suas ameaças e tentar respeitar suas obrigações internacionais", acrescentou.

Pouco antes do anúncio do exército norte-coreano, o Pentágono informou na quarta-feira sobre a mobilização de uma bateria antimísseis THAAD sobre a ilha de Guam, de onde decolam os B-52 que sobrevoaram a Coreia do Sul.

Este sistema de defesa se soma à mobilização de dois destroieres Aegis antimísseis no Pacífico ocidental.

Para o secretário de Defesa, Chuck Hagel, que se reuniu com seu colega chinês Chang Wanquan, as provocações de Pyongyang representam um perigo claro e real.

--- Aumento dos apelos à China ---

A multiplicação das ameaças preocupa cada vez mais a comunidade internacional.

A Rússia está muito preocupada com a situação "explosiva perto de (suas) fronteiras no Extremo Oriente", declarou o vice-ministro russo das Relações Exteriores, Igor Morgulov.

A China, principal aliada da Coreia do Norte, convocou a calma e a moderação a todas as partes envolvidas no conflito.

Os apelos feitos a Pequim para que tente apaziguar o regime de Kim Jong-Un se multiplicaram. A França desejou que a China, que tem poder sobre a Coreia do Norte, intervenha na crise.


Em Berlim, um porta-voz do ministério alemão das Relações Exteriores, Andreas Peshke, também pediu à China que atue com um papel tranquilizador e os Estados Unidos enviarão no fim do mês seu funcionário de mais alta patente, o general Martin Dempsey, a Pequim.

A União Europeia pediu a Pyongyang nesta quinta-feira que não alimente as tensões e que se comprometa a favor da paz e da segurança, renunciando à reativação de seu reator nuclear na central de Yongbyon.

Por sua vez, Ban Ki-moon disse estar decepcionado e preocupado pelas restrições que afetam os trabalhadores sul-coreanos que trabalham em Kaesong e acrescentou que espera "sinceramente que a medida fique sem efeito o quanto antes".

A Coreia do Norte bloqueou nesta quinta-feira o acesso de centenas de empregados sul-coreanos ao complexo industrial intercoreano de Kaesong pelo segundo dia consecutivo, indicou um jornalista da AFP perto da fronteira da Coreia do Sul com o Norte.

Pyongyang inclusive ameaçou retirar seus 53.000 funcionários de Kaesong "se as marionetes sul-coreanas e os meios de comunicação conservadores continuarem nos denegrindo", segundo o Comitê para a Reunificação Pacífica da Coreia, uma agência governamental encarregada da propaganda.

O complexo de Kaesong, preciosa fonte de renda para a Coreia do Norte, foi inaugurado em 2004 com a vontade simbólica de estabelecer uma cooperação entre as duas Coreias.

Para Yun Duk-Min, professor da academia sul-coreana de diplomacia, a maior incógnita é a atitude do jovem líder norte-coreano Kim Jong-Un, que, com menos de 30 anos, sucedeu seu pai Kim Jong-Il após sua morte, em dezembro de 2011.

"O problema é saber se Kim, que ainda é jovem e pouco experiente, é capaz de controlar a escalada. Isso vai parar? É a pergunta que preocupa", opinaYun Duk-Min.

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