O consórcio tem até o dia 16 de abril para formalizar se aceita as reivindicações dos operários (Paulo Jares/VEJA)
Da Redação
Publicado em 4 de abril de 2012 às 15h29.
Brasília – O trabalho nos cinco canteiros de obra da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, no Rio Xingu (PA), foi interrompido no começo desta manhã por um cordão de trabalhadores e manifestantes de movimentos sociais insatisfeitos com a construção da usina e as condições de trabalho.
Cerca de dez pessoas formaram um cordão na saída de Altamira para a Rodovia Transamazônica que leva aos canteiros nos sítios Belo Monte, Pimental, Canais e Diques e às unidades de infraestrutura; e de porto e acesso. O cordão impediu a partida dos ônibus desde a madrugada (4h) até as 9h. O Consórcio Construtor de Belo Monte (CCBM) não soube informar quanto do trabalho já foi retomado.
O presidente da Federação dos Trabalhadores na Indústria da Construção Pesada (Fenatracop), Wilmar Gomes dos Santos, disse que o grupo responsável pelo protesto não tem representatividade na base dos trabalhadores (7 mil pessoas). “Fomos surpreendidos. É um movimento alheio aos trabalhadores”, defendeu.
Francenildo Teixeira Farias, operário do sítio infraestrutura (que constrói alojamento e refeitório) e apoiador do protesto ocorrido hoje, reclama do consórcio e da atuação sindical. “Eles estão falando a língua do consórcio”, disse, se referindo à Fenatracop e ao Sindicato dos Trabalhadores da Construção Pesada (Sintrapav), em entrevista à Rádio Nacional da Amazônia.
A situação da obra da hidrelétrica foi tratada na tarde de ontem no Palácio do Planalto, durante a instalação da Mesa Nacional Permanente para o Aperfeiçoamento das Condições de Trabalho na Indústria da Construção, segundo Atnágoras Lopes, integrante da Central Sindical Popular – Coordenação Nacional de Lutas (CSP-Conlutas). “Aproveitamos para denunciar [as más condições de trabalho]. O governo ficou de olhar de perto”, disse à Agência Brasil.
Está marcado para as 16h de hoje (4), uma reunião entre o consórcio, os trabalhadores e o Sintrapav na Associação do Comércio e Indústria de Altamira. A pauta dos trabalhadores inclui o aumento das remunerações; redução do intervalo de visita à família (a cada 90 dias e não 180); melhoria na qualidade da comida e da água fornecida pelo consórcio aos empregados; o pagamento de horas extras aos sábados, e melhoria no transporte.
Para o delegado sindical, Wendel Lima, ligado ao Sindicato dos Trabalhadores da Construção Pesada (Sintrapav), os trabalhadores têm razão em protestar. “É preciso melhorar as condições da obra”, disse reclamando especialmente dos ônibus que transportam diariamente os empregados.
O Movimento Xingu Vivo Para Sempre, que é contrário à obra, afirma que o CCBM já preparou uma lista de empregados que serão demitidos por causa do movimento grevista iniciado há seis dias. A assessoria do consórcio nega que haja lista de desligamentos e diz que a intenção é continuar negociado com os trabalhadores. O consórcio tem até o dia 16 de abril para formalizar se aceita as reivindicações dos operários.