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Copa do Catar em 2022 já é desastrosa: 1200 operários mortos

Maioria dos trabalhadores são imigrantes do Nepal e da Índia e trabalham em condições análogas à escravidão


	Em Doha, delegação da Fifa olha maquete de estádio para a Copa do Mundo no Catar
 (Clive Rose/Getty Images)

Em Doha, delegação da Fifa olha maquete de estádio para a Copa do Mundo no Catar (Clive Rose/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 28 de abril de 2014 às 08h55.

São Paulo – A Copa do Mundo da Fifa de 2022, no Catar, é um completo desastre já em 2014: 1200 trabalhadores envolvidos na construção dos estádios e em obras de infraestrutura morreram.

Um novo relatório da International Trade Union Confederation constatou que 1200 imigrantes, a maioria da Índia e do Nepal, já perderam suas vidas. 

A estimativa da entidade é que, no total, 4 mil operários vão morrer até o começo dos jogos, em 2022.

Em janeiro, as estimativas apontavam para 382 mortes nos últimos dois anos. 

O número aumentou com os dados das embaixadas: a embaixada do Nepal no Catar reportou, em fevereiro, 400 mortes desde 2010.

Já a embaixada indiana constatou 500 mortes desde 2012. 

No país, a maioria da mão-de-obra barata é formada por imigrantes do Nepal, Índia e Paquistão.

Os operários são expostos a longas jornadas - muitas acima de 12 horas - e lidam com um ambiente de trabalho pouco seguro e carente de infraestrutura adequada.

Há relatos de condições análogas à escravidão nas obras da Copa. Passaportes são confiscados e os salários são retidos pelos chefes durante meses. Tudo isso com um calor de 50 graus Celsius sobre a cabeça.

Muitos se machucam seriamente ou morrem após caírem de grandes alturas. Outros se suicidaram.

Segundo o relatório: “As péssimas condições de trabalho levam os trabalhadores à morte: acidentes de trabalho, ataques cardíacos, doenças desenvolvidas por conta da vida precária”.

Um representante do comitê organizador da Copa no país negou as informações e disse que os números estavam errados. 

Comissões de direitos humanos pedem o fim do sistema local chamado “kafala”, muito comum nos países árabes do Golfo Pérsico.

Os migrantes sem qualificações e dinheiro entram no Catar para trabalhar com a ajuda de um “patrocinador”. Este paga o visto, o custo da viagem e a hospedagem, por exemplo.

Geralmente, essa pessoa é o futuro chefe, abrindo margem para a exploração dos trabalhadores: eles chegam ao país já devendo para seus empregadores.

Um relatório da Anistia Internacional também trouxe dados sobre as condições de trabalho nas obras da Copa. A entidade conseguiu entrevistar cerca de 210 trabalhadores envolvidos.

90% disseram que seus passaportes estavam retidos com seus chefes, 56% não tinham acesso aos hospitais locais e 21% tinham problemas com salários atrasados.

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