Lima - As negociações climáticas de Lima se depararam nesta quinta-feira com um dia "conturbado" e, mais uma vez, "sem acordo" em quase todas as frentes abertas para se chegar a um grande pacto global de luta contra as mudanças climáticas, em Paris, no ano que vem.
A manhã começou com certa polêmica quando a Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança Climática (UNFCCC, sigla em inglês) publicou, por erro, em seu site um texto diferente do qual trabalhavam os negociadores.
Segundo informaram à Agência Efe fontes da negociação, o documento era uma versão simplificada "de emergência", elaborado pelas Nações Unidas e pela presidência peruana para tentar acelerar as negociações, caso continuem bloqueadas amanhã, e foi substituído imediatamente pelo texto que estava sendo negociado.
Por volta das 20h locais (23h de Brasília), ao ver que só existia acordo em alguns poucos parágrafos, o presidente da Cúpula, o ministro do Meio Ambiente peruano, Manuel Pulgar Vidal, foi firme com os negociadores e deixou claro que os países não podem sair de Lima com as mãos vazias.
Para acelerar o processo, decidiu nomear o representante especial de mudança climática do Reino Unido, Sir David King, e a ministra do Meio Ambiente da África do Sul, Edna Molewa, como mediadores no grupo de trabalho que negocia como será o financiamento para a adaptação às mudanças climáticas até 2020, ou seja, como conseguir os US$ 100 bilhões com os quais os países se comprometeram.
Outro texto com as negociações travadas é o que se refere às informações que os países deverão inserir junto com seus compromissos, mas está previsto que os negociadores continuem trabalhando no mesmo e, se não houver acordo, é provável que Vidal nomeie ministros mediadores amanhã.
Nesse último texto, o maior problema é que a União Europeia e os Estados Unidos não querem incluir mais do que metas de redução de emissões, enquanto os países em desenvolvimento exigem informações sobre o financiamento para as adaptações às mudanças climáticas.
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São Paulo - Daqui a quatro décadas, a população mundial terá crescido 30%, passando dos atuais 6,9 bilhões de pessoas para exorbitantes 9 bilhões. A pressão sobre os recursos naturais do planeta - cujos limites físicos permanecem os mesmo - aumentará, junto com a demanda por combustíveis fósseis. Grosso modo, em 2050, teremos mais gases de efeito estufa na atmosfera, mais aquecimento global e fenômenos climáticos mais extremos e frequentes. Segundo um estudo divulgado esta semana, o sudeste asiático é a região mais vulnerável às alterações extremas no clima, como secas, inundações, ciclones, tempestades marinhas e elevação no nível do mar. No ranking do Climate Change Vulnerability Índex, feito pela britânica Maplecroft, uma empresa de aconselhamento de riscos, o Brasil aparece na 81º colocação e a China em 49º, mas, assim como o Japão (86º), são classificados como "em alto risco". Já Noruega, Finlândia, Nova Zelândia e outros oito países nórdicos são os menos vulneráveis. O topo da lista de 170 países é ocupado por regiões caracterizadas por grande densidade populacional, altos índices de pobreza e dependência de condições climáticas para o cultivo agrícola. Conheça a seguir as 10 regiões do globo que enfrentarão o apocalipse climático na "linha de fogo".
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2. Bangladesh é o país mais vulnerável
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São Paulo - Considerado a maior vítima das mudanças climáticas, Bangladesh, aparece na primeira posição devido a fatores geográficos e sociais. O país fica no delta do Rio Ganges, em território de baixa altitude densamente povoado, com níveis de extrema pobreza.
A forte dependência da atividade agrícola deixa a população bastante vulnerável aos períodos de cheias, que às vezes provocam inundações e mortes. Segundo previsão do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas, criado pela ONU, pelo menos um quinto de Bangladesh pode ficar debaixo d'água com a elevação do nível do mar.
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3. Índia: um gigante demográfico sob ameaça
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São Paulo - O segundo país mais populoso do mundo é também o segundo mais vulnerável às alterações do clima. Quase toda a Índia tem um grau elevado ou extremo de sensibilidade às alterações climáticas, devido à pressão da população e seu ritmo de crescimento econômico, que gera tensão aguda na demanda por recursos naturais.
Estimativas apontam um aumento demográfico de 300 milhões de pessoas nos próximos anos, contabilizando 1,4 bilhão de indianos em 2026. Esta situação é agravada por um alto grau de pobreza, sistema de saúde precário e dependência agrícola de grande parte da população.
Além disso, o país emergente também tem de lidar com outro tipo de pressão populacional: as mais de 250 milhões de vacas onipresentes que são grandes emissoras de metano, gás de efeito estufa que retém 20 vezes mais calor que o dióxido de carbono.
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4. Mudanças no clima afetam espécies raras de Madagascar
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São Paulo - País africano que compreende uma ilha anônima e ilhas próxima, Madagascar é um celeiro de biodiversidade rara. Mas sua fauna e flora vêm sendo vítimas de degradação recorrente nos últimos anos. Tanto que a floresta tropical de Madagáscar, lar de primatas e lêmures incomuns, entrou pra lista de patrimônios ameaçados do Comitê do Patrimônio Mundial da Unesco. As florestas de Madagáscar sofrem com desmatamento e caça ilegais. O problema aumentou após o golpe militar no país no ano passado. Segundo uma ONG local, cerca de 20 mil hectares de floresta já foram derrubados desde a tomada do poder por Andry Rajoelina. E pelo menos um terço ou mais das 6.300 espécies de anfíbios, como sapos e salamandras estariam ameaçadas de extinção. A crescente pressão pela destruição do habitat e mudanças climáticas deve impactar mais ainda as espécies locais.
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5. Nepal: o topo do mundo derrete
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São Paulo - Além do Everest, oito dos 14 picos mais altos do planeta se encontram no Nepal. Nos últimos anos, a região que tem 10% de seu território cobertos por geleiras vem sofrendo com alagamentos causados pelo derretimento da neve das montanhas. Apesar de ser um dos países que mais sofrem com as mudanças climáticas, o Nepal responde por apenas 0,25% das emissões que contribuem para o efeito estufa. O país também sofre com o clima de monções, que prejudica a produção agrícola, base da economia (70% da população depende da atividade).
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6. Meio milhão passa fome em Moçambique
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São Paulo - A crescente infertilidade e degradação dos solos, destruição da biodiversidade, erosão, salinização das águas, cheias e seca são algum dos efeitos da mudança climática em Moçambique. Somados, os danos contribuem para acentuar a insegurança alimentar que afeta cerca de meio milhão de moçambicanos. Para monitorar e mitigar os efeitos negativos das mudanças climáticas, a partir de 2011, o país contará com um centro de investigação climática capaz de prevê desastres em toda a região da África Austral.
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7. Crise alimentar à espreita das Filipinas
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São Paulo - As Filipinas são um país especialmente susceptível ao aquecimento global. Nesta semana, a região foi atingida por um supertufão que deixou ao menos 26 mortos e causou prejuízos de quase R$ 300 milhões. Fenômenos semelhantes pode se tornar mais intensos e desastrosos nas próximas décadas. As consequências terão reflexo direto na economia e na segurança alimentar do país. Eventos climáticos extremos afetam uma de suas principais atividades agrícolas, o cultivo de arroz, grão também onipresente na dieta da população local.
Segundo o Banco de Desenvolvimento Asiático, se não forem tomadas medidas para adaptar o país aos efeitos das mudança climática, a produção de arroz do país pode cair até 70% até 2020.
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8. Incidência de ciclones no Haiti pode aumentar 60%
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São Paulo - O país mais pobre do hemisfério ocidental é também um dos mais vulneráveis às alterações no clima. Em janeiro deste ano, um forte terremoto de magnitude 7,0 na escala Richter atingiu o Haiti, deixando 250 mil mortos e outros 1,5 milhão de desabrigados. O abalo deixou a capital Porto Príncipe em frangalhos.
Segundo um estudo da Universidade do Havaí, nos Estados Unidos, o aquecimento global, também poderá aumentar em até 60% a incidência de ciclones na região até o fim deste século - um dos efeitos do El Niño que aumenta os níveis do mar do pacífico. O Haiti tem sua situação agravada pelo declínio na qualidade da água e pelo crescente risco da falta de alimentos e de energia.
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9. Afeganistão fenece com guerras e secas
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São Paulo - Palco de conflitos bélicos longos e intensos, o Afeganistão vê suas florestas virarem desertos e seus cursos d´água secarem. Com 75% do território ocupado por montanhas e 25% por desertos e terras incultiváveis, o país enfrenta verões sufocantes e invernos gélidos.
O rio Cabul, que atravessa a capital homônima, não tem mais água e os principais meios de vida para milhões de afegãos - o cultivo agrícola e a criação de gado - fenecem. Atualmente, mais de seis milhões de pessoas no Afeganistão precisam de assistência em serviços de saúde.
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10. Tifo e cólera contaminam águas de Zimbábue
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São Paulo - Crise humanitária e sanitária, fome, contaminação d´água e propagação de doenças. A lista de problemas que assolam o Zimbábue é extensa e pode se tornar mais nociva ainda com os efeitos das mudanças climáticas. Segundo a ong Rede de Alerta Rápido da Fome, pelo menos 1,3 milhão de pessoas passam fome no Zimbábue, algumas comunidades chegam a caçar babuínos para comer e sobreviver.
O país tem passado por dias de frios e calor com mudanças abruptas de temperatura, que afetam a saúde da população e a produção agrícola. A situação é agravada pelo risco de contaminação dos alimentos por água sem tratamento que propagam cólera e tifo.
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11. Mianmar sofre com chuvas intensas
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São Paulo - Localizado nas região asiática das monções, Mianmar recebe, anualmente, um volume alto de chuva. A precipitação intensa muitas vezes ocasiona cheias e inundações que alagam comunidades de camponeses e prejudicam a agricultura local. Secas periódicas contribuem para a perda da colheita.
O país também está sujeito a outros desastres naturais como terremotos e ciclones e, nos últimos anos, vem apresentando taxas crescentes de deflorestação e poluição industrial.