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REDD+ e a redução da pobreza podem ficar fora da COP18

Se bem feito, um programa REDD+ tem potencial para reduzir a pobreza das comunidades florestais

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 3 de dezembro de 2012 às 17h55.

São Paulo - Com tantos acordos para finalizar nesta próxima semana, alguns assuntos correm sério risco de ficar de fora da agenda dos negociadores da 18ª Conferência das Partes da Convenção de Mudanças Climáticas (COP18). Entre eles está, por exemplo, a Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação florestal mais conservação, manejo florestal sustentável e aumento dos estoques de carbono nas florestas ou REDD+.

Se bem feito, um programa REDD+ tem potencial para reduzir a pobreza das comunidades florestais; diminuir o êxodo das novas gerações, que se dirigem às cidades em busca de escola e emprego, e ainda evitar emissões de carbono derivadas da derrubada mais queima das florestas. No Brasil, essa é a missão assumida pela Fundação Amazonas Sustentável (FAS), cujo programa Bolsa Floresta hoje evita desmatamentos em 15 reservas de desenvolvimento sustentável (RDS) do Estado do Amazonas e melhora as condições de vida de 35 mil pessoas.

Em uma das RDS, a do rio Juma, o programa Bolsa Floresta segue os critérios da Climate, Community and Biodiversity Alliance (CCBA), certificados pela agência alemã TÜV SÜD. De acordo com os cálculos, manter a floresta em pé nos 7.799 hectares de floresta tropical da reserva, entre 2008 e 2016, corresponderá a uma emissão evitada de 3.611.723 toneladas de carbono. Com a vantagem de reduzir a pobreza e evitar o êxodo para Manaus.

Uma representante da FAS, Suelen Marostica, apresentou na COP18 os resultados até agora obtidos no Brasil. Segundo ela “o processo de inclusão das comunidades no processo de decisão é tão importante quanto desenvolver métodos científicos relacionados à validação do design do programa”. Mesmo sem entender bem o contexto das mudanças climáticas ou o significado dos serviços ambientais, as comunidades sabem decidir sobre as melhores opções para trabalhar com a floresta em pé e, ao participarem ativamente do processo, criam sistemas de autocontrole e autofiscalização.


No mesmo evento, realizado na última sexta feira, dia 30, representantes de Moçambique, Uganda, Vietnã e Tanzânia expuseram suas experiências positivas. E amanhã, dia 3, está prevista mais uma rodada de apresentação de casos de sucesso, numa reunião coordenada pelo Centro Internacional para o Desenvolvimento Integrado das Montanhas (ICIMOD, com sede no Nepal) e pelo Centro de Estudos em Tecnologia e Desenvolvimento Sustentável, da Universidade de Twente (da Holanda).

Só é pena limitar todas essas iniciativas a eventos paralelos à COP18. Todos nos beneficiaríamos da inclusão do REDD+ nos compromissos com prazo e diretrizes claras pós-Kyoto. Mas se até o acordo pós-Kyoto voltado para a redução de emissões por queima de combustíveis fósseis está a perigo, será que podemos esperar boas notícias para o desmatamento evitado?

O jeito é incentivar toda essa gente a continuar correndo por fora, como as muitas iniciativas do setor privado, de governos locais e de organizações não governamentais. No final das contas, noves fora, eles andam fazendo mais do que os emperrados canais oficiais.

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