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Conversas sobre governo de união fracassam no Afeganistão

Fracasso reacende os temores de conflitos sectários por conta do polêmico resultado da eleição

Funcionários eleitorais afegãos contam votos durante uma auditoria do segundo turno, no início de agosto (Mohammad Ismail/Reuters/Reuters)

Funcionários eleitorais afegãos contam votos durante uma auditoria do segundo turno, no início de agosto (Mohammad Ismail/Reuters/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 1 de setembro de 2014 às 22h00.

Cabul - As conversas sobre um acordo de divisão de poder entre os candidatos presidenciais afegãos fracassaram, disse um líder proeminente nesta segunda-feira, reacendendo os temores de conflitos sectários por conta do polêmico resultado da eleição.

Nos termos do acordo mediado pelo secretário de Estado dos Estados Unidos, John Kerry, o segundo colocado na votação deveria nomear um “executivo-chefe” em um governo de união nacional concebido para apaziguar as tensões políticas.

Abdullah Abdullah ficou em segundo lugar nos resultados oficiais do pleito.

Mohammad Mohaqeq, um dos candidatos a vice-presidente na chapa de Abdullah, disse à Reuters que os dois lados não concordam sobre os poderes do executivo-chefe, acusando o grupo do vencedor da eleição, Ashraf Ghani, de endurecer sua posição.

“As conversas fracassaram dois dias atrás. O processo político está em um impasse agora, não vemos saída”, declarou Mohaqeq, líder da minoria hazara, em uma entrevista em Cabul, enquanto a luta pelo poder na sucessão do presidente afegão, Hamid Karzai, se arrasta há meses sem sinal de resolução.

Mais tarde, a campanha de Abdullah informou que irá se retirar do processo político se suas demandas não forem contempladas até terça-feira.

Atta Mohammad Noor, aliado poderoso e governador da província de Balkh, no norte do país, exortou seus apoiadores a se prepararem para manifestações de rua.

O rompimento das negociações para um entendimento político acontece dias depois de a equipe de Abdullah abandonar uma auditoria da Organização das Nações Unidas (ONU) do segundo turno de 14 de junho, dizendo estar insatisfeita com a maneira como se estava lidando com os votos fraudulentos.

Juntos, os dois fracassos deixaram o acordo mediado pelos EUA em farrapos e aprofundaram a incerteza sobre o momento em que Karzai poderá entregar o cargo a um sucessor.

Anteriormente Karzai havia planejado a posse do novo mandatário para terça-feira, a tempo de comparecer a uma cúpula da Organização para o Tratado do Atlântico Norte (Otan) no País de Gales dois dias mais tarde.

A data foi adiada depois que a ONU disse só poder concluir a auditoria perto do dia 10 de setembro.

Karzai não irá abandonar a função antes da conclusão do processo, declarou um porta-voz.

O impasse se dá no momento em que os Estados Unidos, maiores doadores de ajuda a Cabul, e outras nações da Otan retiram suas tropas após 13 anos de combates contra insurgentes do Taliban.

Autoridades e diplomatas temem que o problema desencadeie conflitos étnicos, além da questão da insurgência.

Ghani, ex-ministro das Finanças e economista do Banco Mundial, é membro da etnia pashtun, majoritária no sul e no leste do Afeganistão, e Abdullah é parte pashtun e parte tadjique, mas atrai a maior fatia de seu apoio do segundo grupo, dos hazaras e de outras etnias menores, sobretudo no centro e no norte afegãos.

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