A comissão Chiclot disse que a conversa entre Bush e Blair era essencial para entender a entrada na guerra do Reino Unido (Tom Pennington/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 21 de maio de 2012 às 20h50.
Londres - Um tribunal de Londres determinou nesta segunda-feira que as transcrições de uma conversa telefônica entre o ex-presidente americano George Bush e o então primeiro-ministro do Reino Unido, Tony Blair, antes da Guerra do Iraque devem ser publicadas.
Na conversa, que aconteceu em 12 de março de 2003, oito dias antes do início do conflito, os dois líderes falaram aparentemente sobre a oposição do então presidente francês, Jacques Chirac, para a aprovação do Conselho de Segurança da ONU de uma resolução que permitisse a invasão do Iraque.
A comissão Chilcot, iniciada em 2009 para investigar a participação britânica na Guerra do Iraque, havia pedido a desclassificação do conteúdo desta conversa, no entanto, o Ministério de Exteriores se opôs pelo dano que poderia causar em suas relações com os Estados Unidos.
Contudo, o chamado tribunal britânico do direito à informação sentenciou nesta segunda que o Governo britânico deverá publicar, em um prazo de 30 dias, a transcrição das falas de Tony Blair, devido ao interesse público.
''As circunstâncias da decisão de um Governo de iniciar uma guerra sempre são de interesse público, ainda mais neste caso, dadas as consequências deste conflito'', disse o juiz John Ángel. Diante disso, o porta-voz do Ministério de Exteriores se mostrou ''decepcionado'' com a decisão.
O tribunal do direito à informação estuda as apelações sobre as decisões do Escritório do Comissário de Informação, uma organização independente que defende o direito à informação e que previamente decidiu contra a posição do Governo britânico. A comissão Chiclot disse que a conversa entre Bush e Blair era essencial para entender a entrada na guerra do Reino Unido.
O então ministro das Relações Exteriores britânico, Jack Straw, declarou diante da comissão que o ''não'' de Chirac à resolução do Conselho de Segurança acabou com as esperanças de uma solução diplomática ao conflito.
A comissão Chilcot pediu, em 2009, para o Governo do trabalhista Gordon Brown uma investigação sobre os motivos que levaram o Reino Unido a invadir o Iraque, assim como o desenvolvimento da operação militar e a reconstrução do país árabe.
Também houve pressões recebidas por parte da oposição, dos militares e das famílias dos soldados mortos, que forçaram a publicação de alguns documentos, como a conversa entre Bush e Blair.
As conclusões desta comissão, na qual testemunharam tanto Gordon Brown como Tony Blair, serão publicadas antes do verão inglês, mais de um ano depois do término das investigações.