Passageiro tem a temperatura verificada com termômetro digital em aeroporto de Abidjan, na Costa do Marfim (Luc Gnago/Reuters)
Da Redação
Publicado em 16 de outubro de 2014 às 18h55.
Genebra - O controle imposto por americanos e europeus nos aeroportos contra o ebola apenas dá uma "falsa sensação de segurança" e não vai impedir que o vírus entre nesses países.
O alerta é da Organização Mundial da Saúde (OMS), que insiste que não tem recomendado as medidas adotadas nos aeroportos ocidentais e que os controles nos terminais do Guiné, Serra Leoa e Libéria seriam suficientes.
Por semana, entre cinco e dez pessoas são impedidas de embarcar em aviões apenas no aeroporto de Conakry, no Guiné.
Estados Unidos, Reino Unido e Canadá estão realizando testes nos aeroportos com voos que chegam das regiões mais afetadas pelo ebola.
A partir deste sábado, 18, a França adotará o mesmo procedimento, com testes de temperaturas realizadas nos passageiros ainda no túnel de desembarque.
"Não recomendamos o controle de quem entra ou chega a um lugar e não se pode impedir que uma pessoa viaje", declarou nesta quinta-feira, 16, Isabelle Nutall, diretora da OMS encarregada de dar respostas a crises sanitárias.
"Só pedimos o controle nos pontos de saída dos países mais afetados e isso já está ocorrendo de forma correta", disse.
Um segundo controle, de acordo com ela, apenas vai detectar quem já tem sintomas, como febre. "O caso que chegou aos EUA não teria sido detectado", alertou.
"Não se trata de uma proteção de 100% e da uma falsa sensação de segurança", disse. "A doença pode surgir depois que a pessoa já entrou no país", insistiu.
A OMS ainda pede que "não haja racismo ou estigmatização" de pessoas dos países mais afetados - Guiné, Libéria e Serra Leoa. "Quem não tem sintomas não contamina", alertou.
Números
A OMS alerta ainda que o número oficial de pessoas infectadas pelo ebola vai ultrapassar a marca de 9 mil pessoas nesta semana e o total de mortes ficará em mais de 4,5 mil.
"Os números estão dobrando em um mês", declarou Nutall. "Vai levar meses até que o surto seja freado", admitiu.
Uma das prioridades da OMS hoje é de conter os casos nos três países mais afetados. Para isso, a entidade selecionou 15 países da região para que governos estejam preparados para um eventual caso.
"Com o incremento no número de casos, não seria uma surpresa ver casos nos países vizinhos. Mas precisamos parar os casos nos três países mais afetados", alertou.
Na primeira linha estão Guiné, Costa do Marfim, Mali e Senegal, todos com intensos contatos com os países mais afetados onde o surto foi registrado. "Existe uma preocupação com esses países. Eles precisam estar melhor preparados", declarou a especialista da OMS.
Em um segundo grupo, a Organização Mundial de Saúde concentra seus esforços em países como Benin, Burkina Faso, Camarões, Togo, Mauritânia, Gana, República Democrática do Congo, Nigéria, Gâmbia ou Sudão do Sul.
"Os casos podem entrar nesses países. Não podemos trabalhar com o cenário de que não ocorra", alertou Nutall. A orientação é de que um eventual paciente não percorra uma cidade em busca de ajuda. "Isso apenas espalharia o vírus ainda mais", afirmou.