Conflito na Líbia: tensão está na história do mundo árabe (Aris Messinis/AFP)
Da Redação
Publicado em 26 de dezembro de 2011 às 10h42.
São Paulo – Desde janeiro de 2011, vários movimentos de contestação eclodiram no chamado mundo árabe. Paralelamente os grupos religiosos muçulmanos ganharam força e espaço político, o que antes não ocorria. Para a professora de História das Relações Internacionais Carmen Lícia Palazzo, a tendência é de que os religiosos consolidem sua presença com o apoio popular.
“Na verdade é como se tivessem tirado a tampa da panela de pressão. Muitos desses movimentos, como a Irmandade Islâmica, no Egito, eram obrigados a ficar alijados do processo político, agora estão livres e conquistando o apoio popular”, disse a professora, especialista em Oriente Médio.
Assim como o emissário especial do Brasil para o Oriente Médio, embaixador Cesário Melantonio Neto, Carmen Lícia prevê que em 2012 os protestos e as reações nos países árabes vão continuar. No entanto, para ela, o ideal é que o Ocidente não interfira no que chama de “caminho natural”. Ela lembrou do caso da Líbia em que os europeus e norte-americanos intervieram e houve a captura e morte do então presidente Muammar Khadafi.
Porém, a professora se disse preocupada porque como em “todo processo revolucionário” não é possível escapar nem fugir de situações de tensão e até mesmo de violência. “É um processo longo e traumático. No caso do Oriente Médio e de todo o mundo árabe, incluindo a Turquia, a tensão está na sua história”, disse.