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Consumo de etanol no Brasil sobe 24% em junho

Resultado sinaliza mudança de hábito que irá ajudar a diminuir o excedente de açúcar no mercado e reduzir a dependência por gasolina importada

Trabalhador testa a qualidade de uma amostra de etanol em uma unidade de processamento da Louis Dreyfus próximo de Sertãozinho, interior de São Paulo (Dado Galdieri/Bloomberg)

Trabalhador testa a qualidade de uma amostra de etanol em uma unidade de processamento da Louis Dreyfus próximo de Sertãozinho, interior de São Paulo (Dado Galdieri/Bloomberg)

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Da Redação

Publicado em 16 de julho de 2013 às 17h16.

São Paulo - A demanda por etanol subiu 24 por cento no Brasil em junho ante o mesmo mês do ano passado, de acordo com as distribuidoras de combustíveis, sinalizando uma mudança nos hábitos dos motoristas que irá ajudar a diminuir o excedente de açúcar no mercado global e reduzir a dependência do país por gasolina importada.

Com o excedente global de açúcar empurrando os preços para a mínima de três anos, a União da Indústria de Cana-de-açúcar (Unica) poderá reduzir sua estimativa oficial para a produção de açúcar na atual temporada das 35,5 milhões de toneladas projetadas em abril para não mais do que o volume produzido no ano passado, de 34,1 milhões de toneladas, disse nesta terça-feira o diretor técnico da entidade, Antonio de Padua Rodrigues.

Analistas esperam que a crescente demanda por etanol no mercado local absorva um volume maior de cana e reduza o excedente global de açúcar.

A oferta de etanol, que compete diretamente com a gasolina, aumentou na esteira de uma colheita recorde de cana, em andamento. A oferta reduziu os preços do biocombustível e tornou-o uma boa opção para os motoristas em termos de custo-benefício.

O movimento é benéfico para a Petrobras, que tem sofrido prejuízos com a importação de gasolina a preços mais altos do que os praticados internamente, devido ao controle de preços imposto pelo governo.

Padua disse que a previsão da Unica para a produção de etanol em 2013/14 na região centro-sul do país poderia ser elevada para 26 bilhões de litros, ante 25,4 bilhões estimados em abril.

O sindicato nacional das distribuidoras de combustíveis (Sindicom), que reúne 60 por cento das empresas do setor, disse que o consumo de etanol subiu 24 por cento para 556,6 milhões de litros em junho ante o mesmo mês em 2012 e cresceu 10 por cento ante maio.


O Sindicom disse que as empresas que representa venderam 3,14 bilhões de litros de etanol hidratado nos primeiros seis meses de 2013, alta de 16 por cento ante a primeira metade do ano passado.

"O etanol começou a recuperar fatia de mercado ante a gasolina", disse à Reuters o presidente do Sindicom, Alísio Mendes Vaz, atribuindo a melhora na competitividade do biocombustível à safra abundante e à eliminação de PIS/Cofins para o setor, anunciada em maio.

O açúcar bruto em Nova York atingiu a mínima de três anos nesta terça-feira, abaixo de 16 centavos de dólar por libra-peso.

Com o adoçante em baixa, as usinas destinaram 58 por cento da cana para a produção de etanol e 42 por cento para o açúcar no mês de junho. No ano passado, 52 por cento da cana foram para o etanol e 48 por cento para o açúcar, segundo a Unica.

Padua estimou que as vendas de etanol hidratado estão em alta de 12 por cento desde o início da colheita em abril até junho, na comparação com o mesmo período no ano passado. Ele projetou que as vendas encerrarão a temporada, em março de 2014, com alta de 20 por cento ante o período anterior.

"Não é algo que acontece da noite para o dia", disse Padua sobre a mudança dos motoristas para o etanol quando o preço do biocombustível fica abaixo de 70 por cento do preço da gasolina, considerado o ponto em que o etanol torna-se atrativo economicamente.

Embora as exportações de etanol terem subido mais de 100 por cento entre janeiro e junho na comparação com o primeiro semestre do ano passado, segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior, Padua disse que espera que o ano termine com uma queda de 20 por cento ante os 3,3 bilhões de litros embarcados em 2012.

"A janela para exportações de etanol para os EUA irá fechar abruptamente no final do ano, quando a grande safra de milho for colhida e transformada em etanol", disse Padua.

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