Kyriakos Mitsotakis vota na eleição ao parlamento da Grécia: "O Nova Democracia é o partido de centro-direita mais forte da Europa!" (AFP/AFP Photo)
Agência de notícias
Publicado em 25 de junho de 2023 às 20h13.
Última atualização em 25 de junho de 2023 às 20h56.
O partido de direita de Kyriakos Mitsotakis venceu com folga as eleições legislativas deste domingo na Grécia, conquistando uma maioria absoluta que lhe permitirá um novo mandato como primeiro-ministro.
O partido Nova Democracia (ND), no poder de 2019 até o fim de maio, teve 40,5% dos votos, mais do que o dobro do partido de esquerda Syriza, de Alexis Tsipras, que obteve 17,8%, segundo resultados baseados na apuração de mais de 90% dos colégios eleitorais.
O resultado garantiria à direita 157 das 300 cadeiras do Parlamento grego, unicameral, segundo analistas. Desta forma, Mitsotakis voltaria a ocupar o cargo de primeiro-ministro, o qual teve que deixar no fim de maio, antes das eleições.
“O povo nos deu um mandato forte para avançarmos rumo às grandes mudanças de que o país necessita”, festejou o político, 55, perante militantes do seu partido.
"O Nova Democracia é o partido de centro-direita mais forte da Europa!", exclamou Mitsotakis, do lado de fora da sede do partido, em Atenas.
A vitória eleitoral deste domingo dará ao vencedor um bônus de 50 deputados na câmara (de um total de 300), o que poderia ajudar Mitsotakis de forma decisiva.
Em uma escola de Atenas, Aris Manopoulos, comerciante de cerca de 50 anos, disse que optou por votar "com a razão". "Votei no Nova Democracia, para que o país avance e continue se reerguendo economicamente", declarou.
Ao darem ao Nova Democracia a maioria absoluta nas eleições de julho de 2019, em detrimento do Syriza, os gregos queriam virar a página de anos de crise financeira e planos de resgate, que destruíram 25% do PIB e ameaçaram tirar o país da zona do euro.
Filho de um ex-premier e tio do atual prefeito de Atenas, Mitsotakis não deixou de ostentar seu balanço econômico, marcado por um crescimento de 8,3% em 2021 e 5,9% em 2022, com o desemprego em queda.
Durante sua campanha, Mitsotakis prometeu aumentos salariais, principalmente para as pessoas de menor renda, principal preocupação dos gregos, em um contexto de custo de vida elevado.
O líder conservador também prometeu realizar contratações em massa no setor público de saúde, afetado por uma escassez grave de recursos desde a crise financeira e os programas de austeridade impostos a numerosos serviços públicos.
Originário de uma dinastia política cretense, Kyriakos Mitsotakis é filho do ex-primeiro-ministro Konstantinos Mitsotakis (1990-1993). Sua irmã foi ministra das Relações Exteriores e um de seus sobrinhos é o atual prefeito de Atenas. Outro foi seu assessor até 2022.
Formado na Universidade de Harvard, Mitsotakis fez carreira como consultor financeiro em Londres, antes de seguir o caminho político de sua família.
Deputado pelo ND pela primeira vez em 2004, o líder conservador atuou como ministro da Reforma Administrativa em meio à crise e aplicou cortes em massa de cargos no funcionalismo público.
Em 2016, um ano após a derrota de seu campo para a esquerda de Alexis Tsipras, foi eleito líder do Nova Democracia, antes de chegar ao poder, três anos depois.
O primeiro mandato de Mitsotakis foi marcado pela recuperação de uma economia ainda convalescente, após anos de planos de austeridade drásticos, em que o país perdeu um quarto do PIB. No ano passado, o crescimento grego foi de 5,9%.
Em março passado, no entanto, o premier enfrentou uma onda de protestos inédita desde que chegou ao poder, devido a um desastre ferroviário que causou 57 mortes e foi atribuído a negligências no sistema de sinalização ferroviária.
Nascido em uma família política com grande patrimônio imobiliário, Mitsotakis é criticado por sua arrogância, principalmente por opositores, com destaque para o líder do Syriza (esquerda), Alexis Tsipras.
Nos últimos quatro anos, Mitsotakis deu uma guinada em matéria de segurança, ao reforçar o dispositivo policial. Seu mandato também foi marcado por escândalos, entre eles um de escutas ilegais envolvendo figuras políticas e jornalistas, por meio do programa espião Predator.
Onipresente nas redes sociais, o líder conservador teve uma política de comunicação agressiva, em um ambiente midiático caracterizado pela concentração dos principais veículos e canais de TV nas mãos de grandes grupos financeiros.
Mitsotakis enfrentou acusações recorrentes de devolução de migrantes para a vizinha Turquia antes de eles poderem apresentar um pedido de asilo em território da União Europeia (UE). Ele sempre negou esta prática, comprovada por vídeos e investigações detalhadas feitas por veículos internacionais.
Os quatro anos de Mitsotakis no poder foram marcados pelo retrocesso do Estado de Direito e da liberdade de imprensa. Desde o ano passado, a Grécia ocupa uma posição ruim neste quesito na UE, segundo o ranking anual da ONG Repórteres sem Fronteiras, atrás da Hungria e Polônia.