Edifícios destruídos após ataque aéreo em Alepo, Síria (Baraa al-Halabi/AFP)
Da Redação
Publicado em 14 de julho de 2014 às 18h00.
Nações Unidas - O Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) autorizou nesta segunda-feira o acesso humanitário sem o consentimento do governo sírio em quatro postos de fronteira para áreas controladas pelos rebeldes a partir de Turquia, Iraque e Jordânia, embora a Síria tenha advertido que considera esses fornecimentos um ataque.
"O consentimento das autoridades sírias não será mais necessário", disse a embaixadora de Luxemburgo na ONU, Sylvie Lucas, ao Conselho de Segurança formado por 15 países membros, após a votação da resolução que foi elaborada por Luxemburgo, Austrália e Jordânia.
A resolução, aprovada por unanimidade, deu 180 dias para que um mecanismo de monitoramento mobilize comboios de ajuda em países vizinhos, que irão notificar a Síria da "natureza humanitária dessas remessas de socorro".
A ONU disse que cerca de 10,8 milhões de pessoas na Síria precisam de ajuda, das quais 4,7 milhões estão em áreas de difícil acesso. Pelo menos 150 mil pessoas morreram na guerra civil da Síria, que já está em seu quarto ano.
A embaixadora norte-americana na ONU, Samantha Power, acusou o governo sírio de usar a negação de ajuda como "outra arma em seu arsenal cruel e devastador contra áreas controladas pela oposição".
O governo da Síria alertou o Conselho de Segurança no mês passado de que o fornecimento de ajuda através das fronteiras em áreas controladas pela oposição sem o seu consentimento equivaleria a um ataque.
"O governo sírio conta com o papel neutro, eficaz e responsável das Nações Unidas para lidar com a situação humanitária na Síria, especialmente em termos de respeito à soberania síria", disse ao conselho o embaixador sírio na ONU, Bashar Ja'afari, após a votação desta segunda-feira.
A resolução também autoriza a distribuição de ajuda em todas as linhas de conflito.
O conselho se reuniu nesta segunda-feira por causa do fracasso de uma resolução adotada em fevereiro exigindo acesso rápido, seguro e sem obstáculos de ajuda à Síria.
"A situação humanitária na Síria tem realmente piorado", disse o embaixador australiano na organização, Gary Quinlan, ao conselho. "Damasco tem buscado uma política deliberada de negação arbitrária de ajuda humanitária desesperadamente necessária."
O representante especial da Coalizão Síria na ONU, Najib Ghadbian, disse em um comunicado: "A Coalizão Síria e nosso parceiro no terreno, o Exército Livre da Síria, estão prontos para facilitar o acesso direto e seguro nas zonas libertadas sob nosso controle."