Maduro: a opositora MUD acrescentou que irá delinear seu plano de ação nesta sexta-feira (Palácio Miraflores/Divulgação via Reuters)
Reuters
Publicado em 21 de outubro de 2016 às 10h12.
Caracas - A autoridade eleitoral da Venezuela suspendeu na quinta-feira a próxima fase de um referendo revogatório do impopular presidente Nicolás Maduro e provocou revolta na oposição, que acusou o governo socialista de usar táticas ditatoriais.
A nação rica em petróleo está atolada em uma crise econômica brutal que tem obrigado famílias a cortar refeições devido à escassez de alimentos e à inflação de três dígitos. Maduro, ex-motorista de ônibus e líder sindical eleito três anos atrás para substituir o falecido líder Hugo Chávez, tem visto sua popularidade despencar à medida que a recessão aumenta.
Seus inimigos prometeram pressionar pela realização de um referendo revogatório contra ele neste ano - que, se bem-sucedido, iria desencadear novas eleições presidenciais que Maduro perderia, segundo pesquisas de opinião.
O Conselho Nacional Eleitoral já havia dito que tal votação não ocorreria em 2016, e pareceu colocar o último prego no caixão na noite de quinta-feira.
Citando ordens dos tribunais, o organismo eleitoral informou em comunicado que está suspendendo a iniciativa de coleta de 4 milhões de assinaturas a partir da semana que vem que poderia levar à votação.
Mais cedo na quinta-feira, autoridades do partido governista da Venezuela disseram que várias cortes regionais anularam uma coleta de assinaturas anterior da oposição devido a alegações de fraude.
"Espero que a justiça seja cumprida e que os responsáveis por esta trapaça sejam detidos", disse o número dois do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV), Diosdado Cabello, durante uma manifestação política ainda na quinta-feira.
A coalizão opositora Mesa da Unidade Democrática (MUD) repudiou a decisão, acrescentando que irá delinear seu plano de ação nesta sexta-feira.
"Temos um governo de ladrões usando o poder para se manter", disse o parlamentar opositor Jorge Millan em publicação no Twitter.
A oposição precisava de um referendo neste ano porque, segundo as regras constitucionais da Venezuela, caso Maduro perca um plebiscito no ano que vem, seu vice assumirá e não haverá uma nova eleição, o que tiraria da oposição a oportunidade de assumir o poder depois de 17 anos.