Reino Unido: Boris Johnson tem visões mais duras sobre o processo do Brexit (Andrew Yates/Reuters)
Estadão Conteúdo
Publicado em 24 de maio de 2019 às 10h36.
Última atualização em 24 de maio de 2019 às 13h19.
Londres — A primeira-ministra do Reino Unido, Theresa May, anunciou nesta sexta-feira que renunciará, iniciando uma disputa que levará ao poder um novo líder que pode buscar um rompimento mais radical do Reino Unido com a União Europeia.
Veja, abaixo, os políticos conservadores que disseram que planejam concorrer ao cargo, ou que muitos esperam que irão disputar a liderança.
Planejam concorrer:
Principal rosto da campanha oficial do Brexit, Johnson renunciou ao posto de secretário das Relações Exteriores em junho para protestar contra a maneira como May conduzia as negociações de saída.
Johnson se colocou no páreo em um discurso na conferência anual do partido em outubro, quando alguns membros fizeram fila durante horas para ouvi-lo. Ele conclamou o partido a retomar seus valores tradicionais de impostos baixos e policiamento forte.
Na semana passada, a rede BBC noticiou que ele disse à Associação Britânica de Corretores de Seguro: "É claro que concorrerei".
No tocante ao Brexit, Johnson usou uma coluna de jornal em abril para propor um "arranjo paralisado --administrar a ausência de acordo-- que nos daria tempo para negociar um FTA (Arranjo de Livre Comércio) e resolver as questões surgidas na Irlanda do Norte".
Ele é o favorito das casas de apostas para suceder May.
A ex-apresentadora de televisão pró-Brexit, que renunciou ao Ministério do Trabalho e da Previdência em novembro em protesto contra o acordo de saída de May com a UE, disse que planeja concorrer.
Esther disse à Talkradio: "Eu sempre disse muito claramente que, se tivesse apoio suficiente de meus colegas, sim, concorreria. Agora as pessoas estão se manifestando e tenho esse apoio, então concorrerei".
Ex-diplomata que cerca vez caminhou 9.600 quilômetros através do Irã, Afeganistão, Paquistão, Índia Nepal, Stewart foi promovido a secretário do Desenvolvimento Internacional neste mês.
Educado no exclusivo Eton College, Stewart estreou no Parlamento em 2010 e apoiou a permanência na UE no referendo de 2016. Ele é contra uma saída sem acordo e vem defendendo o pacto de May com Bruxelas.
"Quero unir este país... aceito o Brexit, mas também quero procurar os eleitores do 'Fico'", disse ele à BBC.
Podem concorrer:
Gove, um dos maiores ativistas pró-Brexit durante o referendo de 2016, teve que reformular sua carreira no gabinete depois de perder logo no início de maio a disputa para substituir o premiê David Cameron, que renunciou um dia depois de perder o referendo.
Visto como um dos membros mais eficientes do gabinete para apresentar novas diretrizes, o enérgico ministro do Meio Ambiente se tornou um aliado surpreendente de May e apoiou sua estratégia para o Brexit.
Ele ainda não disse se pretende concorrer.
Hunt substituiu Johnson como chanceler em julho e exortou os conservadores a colocarem suas diferenças sobre o Brexit de lado e se unirem contra um inimigo comum - a UE.
Ele, que votou pela permanência na UE no referendo, serviu durante seis anos como ministro da Saúde, papel que o tornou impopular entre muitos eleitores que trabalham no Serviço Nacional de Saúde, estatal financeiramente sobrecarregada, ou dependem dele.
Indagado em um almoço com jornalistas no Parlamento se pretende disputar a liderança, ele respondeu: "Esperem e verão".
Ativista pró-Brexit, Andrea foi uma das duas finalistas na disputa para substituir Cameron em 2016. Ela desistiu depois da reação negativa a uma entrevista na qual disse que ser mãe a comprometia mais com o futuro do país do que sua rival Theresa May.
Ela renunciou à liderança da Câmara dos Comuns na quarta-feira, dizendo sentir que a abordagem do governo não concretizará o resultado do Brexit, e havia dito à emissora ITV que estava "cogitando seriamente se candidatar" para o lugar de May.
Raab renunciou como ministro do Brexit de May em protesto contra seu esboço de acordo de saída, dizendo que este não cumpria as promessas feitas pelos conservadores na eleição de 2017.
Faixa preta em caratê que fez campanha pelo Brexit, ele defendeu mais uma tentativa de renegociar os planos para a alfândega e a fronteira no tocante à Irlanda do Norte, e quando indagado se gostaria de ser premiê disse: "Nunca diga nunca".
Javid, ex-banqueiro e defensor do livre mercado, ocupou vários postos no gabinete e sempre se sai bem em pesquisas com correligionários.
Ele votou pela permanência na UE no referendo, mas antes era considerado um eurocético. David não disse se planeja concorrer, mas se comenta que ele vem preparando a candidatura em discursos e entrevistas à mídia.
Davis, um eurocético destacado, foi indicado como ministro do Brexit para comandar as negociações com a UE em julho de 2016, mas renunciou dois anos depois em repúdio aos planos de May para um relacionamento de longo prazo com o bloco.
Ele disputou a liderança do partido em 2005, mas perdeu para Cameron.
Penny é uma das últimas integrantes pró-Brexit do gabinete de May. Ela se tornou a primeira secretária de Defesa britânica neste mês.
Reservista da Marinha Real, ela foi secretária do Desenvolvimento Internacional, e muitos acreditavam que ela faria parte de uma onda de renúncias que se seguiu à publicação do esboço do acordo de saída de May.
Amber renunciou ao Ministério do Interior no ano passado por causa da revolta com o tratamento dado pela pasta a alguns moradores caribenhos de longa data que foram rotulados equivocadamente como imigrantes ilegais.
Ela apoiou o "Fico" em 2016 e se opôs a uma saída sem acordo, o que pode lhe render o apoio de parlamentares conservadores pró-UE, mas tem uma das menores minorias no Parlamento.
Ministro da Saúde e ex-economista do Banco da Inglaterra, Hancock apoiou o "Fico" em 2016. Ele estreou no Parlamento em 2010 e ocupou vários cargos ministeriais.
A ex-ministra da Educação disse à ITV que cogitaria concorrer. Justine apoia um segundo referendo para o Brexit. Muitos acreditavam que ela poderia seguir vários colegas que deixaram o partido para formar um grupo pró-UE no Parlamento no início deste ano.
Secretária-chefe do Tesouro, Liz teve vários cargos no governo, inclusive de ministra do Meio Ambiente e ministra da Justiça. Ela apoiou o "Fico" em 2016, mas disse que desde então mudou de ideia sobre o Brexit.
Brady preside o Comitê 1922 de parlamentares conservadores. "Seria preciso muitas pessoas para me persuadirem. Não estou certo de que muitas pessoas estão ansiosas para assumir o que é uma situação extremamente difícil", disse ele à Rádio BBC sobre concorrer ao cargo de premiê.
Ex-vice-prefeito de Londres, Malthouse entrou no Parlamento em 2015. Ele é ministro da Habitação e ajudou a redigir o chamado Plano de Concessão Malthouse para substituir o impopular backstop irlandês no acordo de saída da UE por arranjos alternativos para evitar uma fronteira dura.
O jornal Sun noticiou que ele está montando uma equipe de campanha.
Cleverly foi indicado como ministro do Brexit no mês passado e foi vice-presidente do Partido Conservador. Ele foi eleito ao Parlamento em 2015, e o Sun relatou que ele pretende disputar a liderança.