Beirute - Os crimes cometidos na Síria e no Iraque e a execução do jornalista americano James Foley mostraram ao mundo a ascensão meteórica do Estado Islâmico (EI), descrito como um "câncer" pelo presidente Barack Obama.
O que é o Estado Islâmico?
O grupo nasceu no Iraque, em 2006, por iniciativa da Al Qaeda.
Apresentava-se como o defensor da minoria sunita frente aos xiitas que assumiram o poder com a invasão liderada pelos Estados Unidos em 2003.
Tornou-se conhecido pelos massacres de xiitas e ataques suicidas contra as forças americanas.
Sua brutalidade e interpretação intransigente do Islã fizeram com que as tribos sunitas o expulsassem de seu território.
Caçados no Iraque, seus membros, a partir de julho de 2011, três meses após o início da revolta contra Bashar al-Assad, são chamados para lutar na Síria contra o regime.
Na Síria, rapidamente transparecem as divergências entre os jihadistas iraquianos e sírios.
Os primeiros propõem a criação, em abril de 2013, do Estado Islâmico no Iraque e no Levante, mas o líder sírio rejeita a nova formação e mantém a Frente al-Nosra, que se tornou o braço oficial da Al Qaeda na Síria.
No início de 2014, uma guerra explode entre a Frente al-Nosra e os rebeldes sírios contra o EI.
Este conflito já fez 6.000 mortos. Com suas vitórias no Iraque e na Síria, o líder do EI, Abu Bakr al-Baghdadi proclama em junho 2014 um "califado" abrangendo áreas dos dois países
Quem são seus combatentes?
Não há números exatos. O Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH) avalia que há na Síria mais de 50.000 combatentes, incluindo 20.000 não-sírios, vindos do Golfo, Chechênia, Europa e até da China.
No Iraque, segundo Ahmad al-Sharifi, professor de ciências políticas na Universidade de Bagdá, o EI possui entre 8.000 e 10.000 combatentes, incluindo 60% de iraquianos.
O EI recruta muitos combatentes por meio das redes sociais, mas vários são os rebeldes que se juntam ao grupo por medo ou atraídos por salários oferecidos.
Qual território controla?
O Estado islâmico controla cerca de 25% da Síria (45.000 km2) e 40% do Iraque (170 mil km2), um total de 215.000 km, o que equivale ao Reino Unido (237.000 km2), de acordo com Fabrice Balanche, geógrafo especialista da Síria.
No entanto, segundo ele, a maioria dos territórios controlados pelo EI, principalmente no Iraque, são desérticos, o que reduz seu efetivo controle sobre o território.
O "califado" se estende de Manbej, no norte da Síria perto da fronteira com a Turquia na província de Alepo, em direção ao leste com toda a província de Raqa e grande parte de Hasakah e Deir Ezzor, até a localidade fronteiriça de Abu Kamal.
No Iraque, ele controla as regiões sunitas do oeste e norte, incluindo a cidade de Mossul.
Por que este grupo atrai tantos jihadistas estrangeiros?
Para o escritor e jornalista libanês Hazem al-Amin, os jihadistas ocidentais são fascinados por sua demonstração de força ao "estilo hollywoodiana".
As decapitações, execuções sumárias e a conquista de territórios são elementos de uma epopeia.
Além disso, de acordo com especialistas, o EI afirma que se reconectou com o Islã da época de Maomé.
Quais suas fontes de financiamento?
Os especialistas consideram que são várias as fontes de financiamento: primeiramente, as contribuições dos países do Golfo, e o ministro alemão da Ajuda ao Desenvolvimento Gerd Müller acusa diretamente o Catar.
Para Romain Caillet, especialista em movimentos islâmicos, o grupo sobrevive essencialmente de autofinanciamento.
Segundo ele, o financiamento externo, incluindo de algumas famílias do Golfo, representa apenas 5% de seus recursos.
Há ainda a extorsão, os tributos e as taxas impostas às populações locais.
Desta forma, antes da tomada de Mossul, recolhiam cerca de US$ 100 milhões anualmente.
Além disso, há o contrabando de petróleo e de antiguidades, o resgate para a libertação de reféns ocidentais e as reservas de caixa dos bancos de Mossul, cidade tomada pelo EI no início de sua ofensiva no Iraque.
Segundo Bashar Kiki, o chefe do conselho provincial de Nínive, da qual Mossul é a capital, as reservas de caixa dos bancos na cidade antes da ofensiva alcançavam 400 milhões, às quais devem ser adicionados cerca de 250.000 dólares que estavam nos cofres do conselho provincial.
Quais seus métodos?
São uma mistura de terror e prestação de serviços sociais para as populações que estão sob seu controle.
Então, para evitar qualquer tentativa de revolta e para aterrorizar o oponente, pratica crucificações, decapitações, flagelações, apedrejamentos de mulheres acusadas de adultério.
Para dar ainda mais peso a suas ações, ele posta nas redes sociais imagens cruéis de suas barbáries.
Qual seu futuro?
Para Romain Caillet, o principal objetivo do EI é consolidar o Estado Islâmico, a médio e longo prazo.
Mas para Hazem al-Amin, o Ocidente vai atingi-lo com força e enfraquecê-lo, o que irá forçá-lo a se tornar uma organização clandestina.
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1. O poder dos radicais
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1/22 (Reuters)
São Paulo -- Os jihadistas do Estado Islâmico do Iraque e do Levante (
EIIL) vêm exibindo uma variedade impressionante de armas. Muitas foram capturadas do próprio exército iraquiano, que os extremistas derrotaram em diversas batalhas no norte do país. Veja alguns equipamentos bélicos que já foram vistos em poder do EIIL.
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2. Tanques T-55
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2/22 (John Harwood / Wikimedia Commons)
Os T-55 são tanques russos que os extremistas teriam capturado das forças iraquianas. Seguem o desenho básico do T-54, tanque soviético desenvolvido logo após a Segunda Guerra Mundial. Há variantes do T-55 com mira a laser, controle de tiro computadorizado, sistemas avançados de radiocomunicação e armadura explosiva, que repele projéteis antitanques.
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3. Tanque M-1 Abrams
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3/22 (D. W. Holmes II / US Navy / Wikimedia Commons)
Os americanos já enviaram centenas de tanques M1 Abrams ao Iraque. Segundo
relatos, o EIIL teria capturado alguns deles. O Abrams pesa quase 70 toneladas e é movido por uma potente turbina a gás. É um tanque avançado, com uma rede de sensores que alimentam um computador de bordo capaz de calibrar os disparos com precisão.
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4. Canhão 59-1
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4/22 (Lance Lanham / US Army / Wikimedia Commons)
Há relatos de EIIL teria canhões do tipo 59-1, capturados do exército iraquiano. Trata-se da cópia chinesa de um canhão russo desenvolvido logo após a Segunda Guerra Mundial. O original tinha alcance superior a 27 quilômetros. Durante muitos anos, foi o canhão rebocável com maior alcance no mundo.
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5. Canhão antiaéreo ZU-23-2
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5/22 (Serge Serebro / Vitebsk Popular News / Wikimedia Commons)
O ZU-23-2 é um canhão antiaéreo duplo projetado no final da década de 1950 na União Soviética. Dispara balas de 23 milímetros de diâmetro a até 2,5 km de distância. Pode derrubar aviões e helicópteros ou atingir alvos terrestres. O exército iraquiano tem unidades fabricadas na Bulgária e na Polônia. Segundo relatos, algumas delas foram parar nas mãos do EIIL.
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6. Canhão antiaéreo tipo 65/74
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6/22 (Joe Mabel / Wikimedia Commons)
Um vídeo de propaganda do EIIL mostra um canhão antiaéreo que especialistas dizem ser uma arma chinesa tipo 65 ou 74 (o 74 é uma versão aperfeiçoada do 65). É um canhão de 37 milímetros com dois canos, derivado de um antigo projeto soviético. A versão original disparava 60 balas por minuto a até 8,5 km de distância.
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7. Mísseis terra-ar
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7/22 (US Army / Wikimedia Commons)
Combatentes do EIIL foram vistos com pequenos mísseis terra-ar conhecidos como MANPADS. Eles são disparados de um lançador tubular portátil, que é apoiado no ombro do soldado, e podem derrubar helicópteros voando baixo. Há inúmeras variantes dessas armas. Muitas não são guiadas, mas as mais avançadas são orientadas por raios infravermelhos ou por laser.
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8. Míssil antitanque Hongjian-8
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8/22 (Kizilsungur / Wikimedia Commons)
O míssil Hongjian-8 (ou HJ-8) é um projeto chinês dos anos 80. É fabricado na China e no Paquistão. O míssil é disparado de um lançador tubular e guiado por um fio até o alvo. É capaz de destruir as blindagens ativas de tanques, que usam explosivos para defletir projéteis. Tem sido usado ocasionalmente na guerra civil Síria.
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9. Lança-foguetes RPG-7
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9/22 (Kenneth Lane / US Marine Corps / Wikimedia Commons)
O lança-foguetes russo RPG-7 é uma das armas antitanque mais usadas no mundo. É apreciado no campo de batalha por ser confiável e relativamente fácil de usar. É disparado apoiado sobre o ombro do soldado. A munição é uma granada-foguete não guiada, capaz de atingir alvos a até 200 metros de distância.
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10. Metralhadora DShK
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10/22 (Erwin Franzen / Wikimedia Commons)
A DShK é uma peça de museu, mas é mortal. Foi desenvolvida pela União Soviética no final da década de 1930 e chegou a ser usada na Segunda Guerra Mundial. Essa metralhadora pesada dispara 600 balas de 12,7 mm de diâmetro por minuto. Segundo relatos, o EIIL teria algumas delas montadas em caminhões.
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11. Metralhadora M240
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11/22 (Eric Powell / US Navy / Wikimedia Commons)
A M240 é uma metralhadora de médio porte projetada na Bélgica e usada pelas forças armadas americanas desde o final dos anos 70. Dispara entre 750 e 950 balas por minuto e tem alcance de até 1,8 km. É comum vê-la montada em tanques e outros veículos de combate.
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12. Metralhadora M60
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12/22 (US Department of Defense / Wikimedia Commons)
A M60 é usada desde 1957 pelas forças armadas americanas. Mas é capaz de fazer estragos. Ela dispara mais de 500 balas (de 7,62 mm de diâmetro) por minuto e atinge alvos a mais de 1 quilômetro de distância. Em geral, é operada por dois ou três soldados. Enquanto um puxa o gatilho, os outros vigiam os alvos e municiam a arma.
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13. Fuzil M16
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13/22 (Bradley Rhen / US Army / Wikimedia Commons)
O M16, fuzil automático leve do exército americano, é uma das armas vistas nas mãos dos combatentes do EIIL. É derivado do AR-15, projetado em 1956. Estima-se que 8 milhões de unidades do M16 já tenham sido fabricadas. Dessas, 90% seguem em uso em mais de 80 países. Com 1 metro de comprimento, o fuzil pesa 4 kg e é capaz de matar alguém a mais de 500 metros de distância.
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14. Carabina M4
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14/22 (James Harper Jr. / US Army / Wikimedia Commons)
A carabina M4 é a versão mais curta (84 cm) e mais leve (3,4 kg quando carregada com 30 balas) do fuzil M16. Foi adotada pelo exército americano em 1994 e é muito usada para combate em áreas urbanas. Tem coronha telescópica, o que permite encolhê-la para 76 cm.
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15. Lança-granadas M203
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15/22 (Exército da Austrália / Wikimedia Commons)
O M203 é um lança-granadas que funciona acoplado sob o cano de um fuzil ou carabina. Ao invadir uma casa, por exemplo, o soldado pode disparar a granada para explodir a porta ou a parede e, depois, matar as pessoas com o fuzil. O acessório pesa1,36 kg.
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16. Caminhões MRAP
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16/22 (US Marine Corps / Wikimedia Commons)
Os chamados MRAPs (sigla de “mine-resistant ambush protected”, resistente a minas e emboscadas) são caminhões capazes de suportar explosões de minas e artefatos improvisados. Também resistem a tiros de armas leves. Foram extensamente usados para transporte de tropas durante a Guerra do Iraque. E parece que o EIIL conseguiu obter alguns.
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17. Carro blindado M113
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17/22 (Jason McCree / USAF / Wikimedia Commons)
O carro blindado M113 é outro projeto antigo. Foi muito usado em combates no Vietnã. Em conflitos mais recentes, como a Guerra do Iraque, foi empregado para transporte de soldados e feridos. É um veículo anfíbio com blindagem leve, capaz de resistir a tiros de armas de mão. Alguns são equipados com uma ou mais metralhadoras na parte superior.
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18. Humvees
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18/22 (Eric Harris / US Air Force / Wikimedia Commons)
O Humvee é a versão moderna do jipão militar. Pode carregar uma variedade de armas, como metralhadoras e lança-granadas. O exército iraquiano possui muitos desses veículos que também foram usados pelos americanos na região. O EIIL divulgou fotos de Humvees que o grupo teria apreendido e enviado à Síria.
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19. Uniformes high tech
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19/22 (Brandon Aird / U.S. Army / Wikimedia Commons)
O EIIL divulgou vídeos de soldados usando uniformes e coletes à prova de balas americanos. São roupas com proteções feitas de Kevlar KM2, um compósito extremamente resistente. Não se sabe quantas unidades os jihadistas possuem.
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20. Visão noturna
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20/22 (US Department of Defense / Wikimedia Commons)
Vídeos do EIIL também mostram soldados com dispositivos de visão noturna AN/PVS-7. Esses equipamentos, desenvolvidos nos Estados Unidos nos anos 80, amplificam a luz entre 30 mil e 50 mil vezes, permitindo que o soldado enxergue no escuro. Não se sabe quantas unidades estão nas mãos dos extremistas e nem se elas estão em condições de uso.
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21. UH-60 Black Hawk
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21/22 (Suzanne Jenkins / USAF / Wikimedia Commons)
Segundo alguns relatos, quando os extremistas tomaram o aeroporto de Mossul, no Iraque, havia helicópteros americanos Black Hawk lá. Nenhum foi visto voando depois da captura. É possível que tenham sido danificados. Mas alguns especialistas afirmam que eles não voam porque o EIIL não tem pessoas treinadas para pilotá-los.
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22. Agora veja uma amostra do poderio bélico americano:
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22/22 (US Air Force)