Marina Ovsyannikova: jornalista se tornou conhecida após protestar contra a ação militar russa na Ucrânia durante um programa de TV ao vivo (ALEXANDER NEMENOV/Getty Images)
AFP
Publicado em 3 de outubro de 2022 às 12h51.
Última atualização em 3 de outubro de 2022 às 13h03.
A jornalista russa Marina Ovsiannikova, que protestou contra a ofensiva na Ucrânia ao vivo na televisão estatal, entrou para a lista de pessoas procuradas na Rússia, segundo uma notificação consultada nesta segunda-feira, 3, pela AFP.
O site do Ministério do Interior russo indicou que Ovsiannikova, de 44 anos, é procurada por um processo criminal, sem dar detalhes.
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Ela foi acusada de "divulgar informação falsa" sobre o Exército russo, um crime passível de dez anos de prisão, e está em prisão domiciliar. Sua detenção estava prevista até 9 de outubro, com a possibilidade de ser prolongada à espera de seu julgamento.
Contactado pela AFP, seu advogado, Dmitri Zakhvatov, confirmou que sua cliente está sendo buscada "porque não se encontra no local onde deveria estar até 9 de outubro". O advogado não deu mais detalhes sobre seu paradeiro, se ela estaria na Rússia ou no exterior.
Em 21 de setembro, quando a Rússia anunciou um mobilização militar parcial, apoiadores de Marina Ovsiannikova se manifestaram nas redes sociais. A jornalista afirmou que compareceu a uma audiência de seu caso, com um cartaz que dizia "NÃO À MOBILIZAÇÃO".
Em meados de março, dias depois do início da ofensiva na Ucrânia, Marina Ovsiannikova interrompeu o telejornal noturno da rede pública russa Pervy Kanal, onde trabalhava há quase 20 anos. Ao vivo, a jornalista agitou um cartaz, no qual pedia o fim dos combates e que os russos "não acreditassem na propaganda" do regime.
Por este gesto, foi brevemente detida e multada. Em seguida, deixou o país para trabalhar no jornal alemão Die Welt, mas em julho retornou à Rússia para manter a guarda de seus dois filhos menores de idade.
Apesar dos riscos, continuou criticando Moscou pela ofensiva na Ucrânia. Foi novamente detida e acusada de "divulgação de informação falsa" sobre o Exército russo.
Desde o início da ofensiva na Ucrânia em 24 de fevereiro, as autoridades russas reprimem toda denúncia do conflito com multas e também processos criminais, que podem acarretar elevadas penas de prisão.