Ato contra envio de armas a rebeldes: quase todos do congresso concordam sobre aniquilar EI (AFP)
Da Redação
Publicado em 12 de setembro de 2014 às 19h16.
Barack Obama pode conseguir rapidamente a autorização do Congresso americano para fornecer armas aos rebeldes sírios.
Mas sua estratégia global contra o Estado Islâmico (EI) só obteve um frágil consenso.
O Pentágono não pode tomar sozinho a decisão de enviar equipamentos para o Exército Livre da Síria, ou de formar milhares de combatentes rebeldes.
O Executivo precisa de uma autorização parlamentar e Barack Obama parece ter convencido pelo menos os líderes do Congresso, tanto republicanos como democratas, a segui-lo.
"Temos que dar ao presidente o que ele pede", disse John Boehner, presidente da Câmara de Representantes.
"Ele pediu para formar e armar as forças moderadas da oposição síria, e é algo que peço há muito tempo", disse o senador republicano John McCain, que denuncia há mais de três anos a passividade dos Estados Unidos em relação à guerra na Síria.
Um voto positivo, talvez na próxima terça-feira na Câmara de Representantes, seria lógico porque tanto republicanos como democratas já concordaram em três oportunidades em autorizar um plano de ajuda aos rebeldes, e as medidas estão há meses à espera de votação.
Mas os legisladores não têm a intenção de deixar que Obama recorra à força de forma indefinida no Iraque e na Síria.
Nos Estados Unidos, é o Congresso que declara uma guerra. Em 2001, três dias depois dos atentados de 11 de setembro, na ausência de uma declaração de guerra formal, a instituição aprovou o "uso da força militar" - que segue em vigor e com uma definição ampla -, válida contra os "países, organizações ou pessoas" que participaram desses atentados ou protegeram organizações ou pessoas envolvidas.
A Casa Branca afirma que essa autorização se aplica ao EI, que saiu da Al-Qaeda, mas não houve consenso em torno dessa interpretação.
Iraque 2.0
O debate ilustra o imenso poder do Congresso em matéria de defesa e política externa frente ao presidente americano.
O Executivo ficou de mãos atadas em várias situações devido à oposição da maioria dos legisladores.
O Congresso americano proibiu a transferência de presos de Guantánamo para os Estados Unidos, jogando por terra a promessa de campanha de Obama de fechar a prisão.
Além disso, os parlamentares estão na origem da última rodada de sanções contra o Irã e ameaçam impor novas. Em outra questão espinhosa, o Congresso não aprovou, no ano passado, um plano de ataques aéreos na Síria.
Os legisladores fizeram uma advertência no dia 25 de julho. Com 370 votos a favor e 40 contra, a Câmara aprovou uma resolução não-vinculante contra o envio de tropas ao Iraque.
"Meus eleitores estão preocupados com um Iraque 2.0, e com razão", disse à AFP o senador republicano Mark Kirk.
"Não temos tempo quando se trata de ataques aéreos no Iraque contra o Isil", disse à AFP o senador democrata Chris Murphy, usando o acrônimo alternativo para o auto-denominado Estado Islâmico (EI). "Mas temos tempo para conversar sobre como será a nossa estratégia na guerra civil síria".
Quase todos os congressistas concordam a respeito da necessidade de aniquilar os jihadistas do EI, um objetivo compartilhado pela maior parte dos americanos, de acordo com pesquisas divulgadas pelo Wall Street Journal e pelo Washington Post esta semana, depois da decapitação dos jornalistas James Foley e Steven Sotloff.
Mas pretendem limitar a magnitude, e inclusive a duração, de um conflito que pode durar vários anos.
A ordem do dia das sessões parlamentares de novembro e dezembro, depois das eleições legislativas de 4 de novembro, deve, portanto, incluir uma nova autorização para o uso da força, segundo Robert Menendez, presidente democrata da Comissão de Relações Exteriores do Senado.
Muitos querem acreditar que uma autorização como esta será aprovada e vai reforçar o poder presidencial.
Mas o Congresso, dividido entre uma Câmara com maioria republicana e um Senado democrata, é imprescindível.
E os republicanos vão querer evitar que isto pareça um voto de confiança a um presidente considerado por eles passivo no cenário internacional.