Chile: o país era uma das poucas nações que não permitiam a interrupção da gravidez em hipótese alguma (AFP/AFP)
AFP
Publicado em 13 de janeiro de 2021 às 19h20.
Última atualização em 13 de janeiro de 2021 às 20h33.
Santiago foi palco de protestos pacíficos liderados por mulheres que exigiam a legalização do aborto, nesta quarta-feira, 13, dia em que o Congresso iniciou a discussão sobre a descriminalização da interrupção da gravidez até 14 semanas.
Os protestos se concentraram no centro da capital chilena, onde mais de 200 mulheres se reuniram nos arredores do palácio do governo, La Moneda. Elas usavam lenços verdes, símbolos da resistência feminina que se espalhou pela América Latina em defesa dos direitos sexuais e reprodutivos.
"Aborto livre, seguro e gratuito", lia-se nos lenços das manifestantes, que também realizaram a performance "Um estuprador no seu caminho", popularizada mundialmente pelo coletivo chileno Las Tesis.
O Chile era uma das poucas nações que não permitiam a interrupção da gravidez em hipótese alguma, depois que o ditador Augusto Pinochet a proibiu no último ano de sua ditadura (1973-1990).
Só em 2017 foi promulgada no país uma lei que permitia o aborto em três situações: risco de vida da mãe, estupro ou impossibilidade de vida do feto.
Essas causas, porém, incluem apenas 3% dos milhares de abortos clandestinos que acontecem no país, afirmam os movimentos sociais, que consideram a legislação atual insuficiente.
Os protestos foram convocados no mesmo dia em que o Congresso iniciou a discussão do projeto de lei que visa descriminalizar o aborto de fetos de até 14 semanas. Apresentado em 2018 por deputados da oposição, o texto visa evitar a prisão de mulheres que optam pelo procedimento nesse período.
Na proximidades do Congresso, foram registrados incidentes entre ativistas a favor e contra o aborto, obrigando a polícia a intervir e dispersar os grupos.
Em dezembro, o Congresso da Argentina legalizou o aborto no país também em meio a manifestações em frente à casa legislativa, em Buenos Aires.