Presidente da Guatemala, Otto Perez: "Estou tranquilo e vou enfrentar a situação com coragem porque não fiz nada errado", disse (REUTERS/Jorge Dan Lopez)
Da Redação
Publicado em 3 de setembro de 2015 às 16h59.
O Congresso da Guatemala aceitou nesta quinta-feira a renúncia do presidente Otto Pérez, que deixou o cargo na noite de quarta-feira depois de ser acusado de ser o chefe de uma rede fraude fiscal.
Durante uma sessão extraordinária, transmitida ao vivo pelos meios de comunicação locais, o legislativo formalizou a demissão com o voto de 116 deputados presentes, indicou o secretário da junta diretora parlamentar, Carlos López.
Na ata, os deputados também convocaram o vice-presidente Alejandro Maldonado para uma sessão no final do dia para juramentá-lo como novo chefe de Estado para concluir o mandato, que termina em 14 de janeiro próximo.
Posteriormente, Maldonado terá que enviar um pedido para que o Congresso selecione seu vice para os próximos meses.
Encurralado pela justiça, Pérez renunciou para submeter-se a um processo por acusações de corrupção, a apenas três dias das eleições gerais.
Durante a manhã desta quinta-feira, Otto Pérez compareceu a uma audiência com o juiz do caso, Miguel Ángel Gálvez, para prestar depoimento no edifício da Suprema Corte de Justiça.
"Estou tranquilo e vou enfrentar a situação com coragem porque não fiz nada errado", disse Pérez a uma emissora de rádio ao chegar ao tribunal.
Ortega explicou que a renúncia foi apresentada ao Legislativo um dia após este organismo decidir por unanimidade retirar sua imunidade.
Ortega disse à AFP que Pérez renunciou "para manter a institucionalidade do país" e "a figura da presidência afastada do processo judicial".
A renúncia do presidente ocorreu quase ao mesmo tempo em que um juiz emitiu uma ordem de captura contra ele.
Em uma decisão histórica e em meio a celebrações da população, na terça-feira 132 deputados presentes em uma sessão legislativa votaram de forma unânime pela retirada da imunidade do presidente.
A renúncia de Pérez ocorre três dias antes de os guatemaltecos comparecerem às urnas para eleger o novo presidente, vice-presidente, 338 prefeitos, 158 deputados e 20 representantes do Parlamento Centro-Americano, em eleições marcadas pela crise política gerada por vários casos de corrupção no governo que provocou grandes protestos de repúdio.
Para evitar possíveis manifestações violentas, na quarta-feira o escritório na Guatemala do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos humanos (Oacnudh) anunciou que permanecerá em vigilância com equipes em várias regiões do país.
O anúncio da renúncia de Pérez ocorreu horas após o juiz Miguel Ángel Gálvez, a cargo do processo, emitir uma ordem de captura contra ele.