Militar procura por avião da Malaysia Airlines: operação de buscas ainda não revelou nem sinal do Boeing 777 que levava 239 passageiros e tripulantes de Kuala Lumpur a Pequim (REUTERS/Kham)
Da Redação
Publicado em 22 de março de 2014 às 12h03.
Kuala Lumpur - Um dos mais intrigantes mistérios da história da aviação tem abalado a imagem do governo da Malásia, pouco habituado às críticas internacionais que recebeu por causa das mensagens conflitantes e de uma suposta falta de transparência.
Cinco dias após o desaparecimento do voo MH370 da Malaysia Airlines, uma enorme operação de buscas ainda não revelou nem sinal do Boeing 777 que levava 239 passageiros e tripulantes de Kuala Lumpur a Pequim.
A frustração com isso está cada vez mais voltada para as autoridades malaias, após uma série de entrevistas coletivas desorientadas, detalhes incorretos fornecidos pela companhia aérea nacional e uma longa demora na divulgação de detalhes sobre a informação militar de que o avião teria se desviado centenas de quilômetros da sua rota.
Os tropeços variam de informações conflitantes a respeito do último contato do jato até a divulgação de fotos de dois passageiros em que eles compartilhavam o mesmo par de pernas.
"Os malaios merecem ser criticados -- a forma como estão lidando com isto é atroz", disse Ernest Bower, especialista em Sudeste Asiático no centro de Estudos Estratégicos e Internacionais, em Washington.
As autoridades dizem estar lidando da melhor forma possível com uma crise excepcional e altamente complexa.
Confusão, pistas falsas e desinformação são comuns nas horas iniciais de um desastre aéreo, em qualquer país.
Mas a China, cujos cidadãos compõem cerca de dois terços do total de passageiros no voo, não esconde sua impaciência com a Malásia, à qual já pediu várias vezes para intensificar as atividades de busca e investigação.
Algumas famílias dos até 154 chineses desaparecidos estão furiosos com a demora na divulgação de informações. O representante da empresa aérea estatal foi alvo de xingamentos e de garrafas de água em Pequim.
"O núcleo da informação da Malásia não tem sido consistente do começo ao fim", disse o influente tabloide chinês Global Times, ligado ao Partido Comunista Chinês. "Isso certamente abala a confiança que o resto do mundo tem na capacidade da Malásia de ser o núcleo da missão de resgate", acrescentou o jornal.
Outros governos elogiam os esforços da Malásia, mas algumas autoridades se queixam de que a falta de comunicação retardou o início das investigações.
Autoridades dos EUA foram especialmente críticas com o fato de os militares malaios terem levado vários dias até divulgarem dados de seus radares mostrando que o avião pode ter ido na rota errada. Isso pode ter permitido a perda definitiva de pistas importantes.
"A falta de comunicação sobre o que está havendo é catastrófica", disse uma fonte reguladora ocidental, pedindo anonimato. "Estamos na quarta dimensão aqui."