Líbia: mais de 30 mil pessoas foram deslocadas desde 2016 (Goran Tomasevic/Reuters)
EFE
Publicado em 28 de maio de 2019 às 11h30.
Última atualização em 28 de maio de 2019 às 11h36.
Trípoli - Pelo menos 115 integrantes das forças comandadas pelo marechal Khalifa Hafter morreram nos combates ocorridos ontem em Trípoli, capital da Líbia, os mais violentos desde o início do assédio à cidade em 4 de abril, informou à Agência Efe nesta terça-feira uma fonte do governo rival apoiado pela ONU.
De acordo com a fonte, os enfrentamentos ficaram mais intensos depois que aviões de Hafter, o homem forte do leste do país, bombardearam "várias áreas residenciais nos bairros de Salaheddin e Al Zuhur" e que "um foguete de tipo Grad deixou três feridos ao cair em uma casa".
A força aérea do governo reconhecido pela ONU em Trípoli (GNA) respondeu com ataques às posições de Hafter na cidade de Al Shwiref, próxima de Ghariyan, onde o marechal estabeleceu seu quartel-general, acrescentou a fonte.
"Nossas forças encontraram munição fabricada no Egito em uma das posições do criminoso Hafter no eixo sul", acrescentou a fonte, sem oferecer mais detalhes.
As forças do marechal, que é apoiado por Egito, Emirados Árabes Unidos, Arábia Saudita e França, principalmente, não confirmou e nem desmentiu o elevado número de baixas e nem a suposta perda de munição.
O sul de Trípoli é cenário de combates diários desde que tropas lideradas pelo marechal Hafter, tutor do governo estabelecido na cidade oriental de Tobruk, iniciou o assédio à cidade no início de abril para expulsar o governo reconhecido pela ONU desde 2016 na capital.
Desde então, os enfrentamentos causaram mais de 600 mortes, deixaram mais de 3 mil feridos e forçaram o deslocamento de mais de 30 mil pessoas, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS).
Os combates também afetaram milhares de imigrantes irregulares que estão confinados em centros de detenção em Trípoli.
Nesse contexto, o primeiro-ministro do GNA, Fayez al Serraj, que tem apoio da ONU e da União Europeia, em particular da Itália, além de Turquia e Catar, se reuniu ontem com o premiê de Malta, Joseph Muscat, a quem pediu ajuda para tratar os feridos mais graves do conflito.
Segundo a imprensa da Líbia, Serraj explicou que seu governo se viu obrigado a entrar na guerra para defender a capital, e "está decidido a derrotar esta agressão e a continuar resistindo até a retirada das forças agressoras".
Muscat, por sua vez, ressaltou sua rejeição à ofensiva de Hafter e aludiu à necessidade de um cessar-fogo que permita recuperar a negociação política.