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Confrontos na Líbia: revolta avança no leste e Kadafi no oeste

Oposição conquistou o controle do porto petroleiro de Ras Lanuf , mas ditador aumentou os ataques para retomar a cidade de Zawiya

Rebeldes se manifestam em Brega: mais de 6 mil mortos segundo a ONU (Gianluigi Guercia/AFP)

Rebeldes se manifestam em Brega: mais de 6 mil mortos segundo a ONU (Gianluigi Guercia/AFP)

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Da Redação

Publicado em 4 de março de 2011 às 17h44.

Ajdabita, Líbia  - Violentos confrontos que deixaram vários mortos ocorreram nesta sexta-feira no leste da Líbia, onde a revolta avançou, e no oeste, onde as forças do coronel Muamar Kadafi tentavam concluir uma ofensiva para reconquistar a cidade de Zawiya.

Os insurgentes que controlam o leste avançaram para o porto petroleiro de Ras Lanuf (a 600 km de Trípoli), onde os combatentes deixaram "muitos mortos e feridos", disse à AFP um médico de um hospital de Brega.

A ofensiva rebelde contra Ras Lanuf recebia reforços de Ajdabiya (a 200 km a leste), de onde partiam dezenas de veículos com homens armados com Kalashnikov, baterias antiaéreas e canhões.

"Ras Lanuf caiu. Está em nossas mãos", clamava Heizab, um membro das forças de oposição no posto de controle na saída oeste de Ajdabiya.

Mais prudente, outro combatente, Yunis, afirmou que à tarde foram registrados intensos combates na cidade, nas mãos das forças leais a Kadafi até sexta-feira.

Fontes afirmaram também que houve "muitos" mortos no ataque dos homens de Kadafi contra Zawiya (60 km a oeste da capital).

Uma jornalista da emissora britânica Sky News presente no local informou que a cidade estava cercada pelo exército. A emissora oficial anunciou antes que já tinha caído, mas fontes oficiais admitiram posteriormente que restavam "bolsões de resistência".

Também no front oeste, o Alto Comissariado da ONU para os Refugiados (Acnur) indicou que a fronteira da Líbia com a Tunísia está controlada pelas forças de Kadafi "fortemente armadas".

Em Trípoli, a polícia dispersou com bombas de gás lacrimogêneo manifestantes que tentavam concentrar-se depois das orações muçulmanas de sexta-feira.

A organização dos protestos se viu complicada com o corte das conexões da Internet desde quinta-feira. As autoridades também bloquearam nos hotéis os jornalistas presentes na capital.

Uma fonte governamental resumiu a situação, dizendo que o regime controlava o oeste do país, mas que o leste estava "problemático".

A Acnur indicou que desde o início da rebelião, em 15 de fevereiro, dezenas de milhares de pessoas fugiram da violência na Líbia e sobrevivem em condições precárias, e que 12.500 (a grande maioria oriunda de Bangladesh) estão bloqueadas na fronteira tunisiana.


Segundo dados da ONU, a repressão deixou em torno de 1 mil mortos, mas de acordo com uma organização líbia de defesa dos direitos humanos, o número de vítimas soma mais de 6.000.

O presidente americano, Barack Obama, disse na quinta-feira que estudava "toda gama de opções" disponíveis para colocar fim à "horrível violência" de Kadafi contra seu povo.

"A violência deve parar. Muamar Kadafi perdeu a legitimidade e deve ir embora", completou Obama.

O governo venezuelano assegurou nesta sexta-feira que o governo líbio tinha dado luz verde para uma iniciativa do presidente Hugo Chávez de criar uma missão internacional de mediação com os rebeldes.

Essa ideia tinha sido rejeitada na véspera pelos insurgentes e por países ocidentais que consideraram que poderia oferecer uma via de escape a Kadafi para permanecer no poder.

Kadafi, 68 anos, no poder desde 1969, avisou na quarta-feira que "milhares de líbios morrerão caso haja invervenção de Estados Unidos e Otan".

O Tribunal Penal Internacional anunciou na quinta-feira a abertura de uma investigação por crimes contra a humanidade contra Kadafi e várias pessoas de seu entorno, pela repressão desatada contra as manifestações populares.

A Interpol emitiu na sexta-feira um alerta para as polícias do mundo e os órgãos internacionais contra Kadafi e outras 15 pessoas, por considerar que estão envolvidos no "planejamento de ataques, como bombardeios aéreos contra a população civil".

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