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Confrontos em Hamburgo pelo G20 deixam 76 policiais feridos

A polícia utilizou bombas de gás e jatos d'água contra milhares de manifestantes antiglobalização que saíram às ruas de Hamburgo

Protesto: a violência na véspera da reunião deixou ainda dois manifestantes feridos (Kai Pfaffenbach/Reuters)

Protesto: a violência na véspera da reunião deixou ainda dois manifestantes feridos (Kai Pfaffenbach/Reuters)

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AFP

Publicado em 6 de julho de 2017 às 20h51.

Última atualização em 7 de julho de 2017 às 13h30.

Confrontos entre manifestantes contrários ao G20 e a polícia de Hamburgo deixaram 76 feridos entre as forças da ordem, informaram as autoridades na madrugada desta sexta-feira.

A polícia utilizou bombas de gás e jatos d'água contra milhares de manifestantes antiglobalização que saíram às ruas de Hamburgo, onde nesta sexta-feira começa a cúpula do G20 com o esperado primeiro encontro cara a cara entre Donald Trump e Vladimir Putin.

A violência na véspera da reunião deixou ainda dois manifestantes feridos, segundo a polícia local, que afirmou ter detido cinco pessoas.

"A polícia ainda está sendo atacada", disse um porta-voz da força policial de Hamburgo, destacando que a maioria dos oficiais tiveram apenas ferimentos leves.

Os agentes se lançaram contra a marcha de mais de 10.000 pessoas, muitas delas vestidas de preto e com toucas ninja, que responderam com pedras, garrafas e bombas.

"O Estado policial fez tudo que podia para nos privar de nosso direito à manifestação", criticou à AFP um militante de extrema esquerda presente no confronto, Georg Ismail.

"As guerras, o aquecimento global e a exploração são resultados do sistema capitalista que o G20 representa", alega.

Os confrontos deixam clara a tensão que se anuncia no local onde se reúnem os dirigentes das 20 principais economias do planeta, para debater temas espinhosos.

Trump e Putin

O presidente americano, Donald Trump, aterrissou no meio da tarde nesta cidade do norte da Alemanha, onde na sexta-feira e no sábado irão se reunir os membros do G20 - 19 países mais a União Europeia -, um fórum internacional das principais economias industrializadas e emergentes.

Trump vinha da Polônia, onde reiterou o seu apoio à Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) e advertiu que a "nossa civilização ocidental" está em jogo.

"Pedimos à Rússia que acabe com as suas atividades desestabilizadoras na Ucrânia e em outros lugares", afirmou Trump em seu discurso em Varsóvia, uma crítica incomum à Rússia.

Moscou não vê com bons olhos a expansão da Aliança Atlântica até as suas fronteiras.

As relações entre a Casa Branca e o Kremlin se complicam também pelas acusações de que a Rússia interferiu nas eleições presidenciais americanas de 2016 e pelas possíveis conexões russas com pessoas do entorno de Trump.

"Acredito perfeitamente que possa ter sido a Rússia [que influenciou as eleições]. Acho que também pode haver outros países", disse Trump em Varsóvia.

O encontro com seu homólogo russo será fundamental na evolução dos conflitos na Ucrânia e na Síria.

"A segunda visita à Europa pode ser resumida em uma palavra: Putin", assinala o analista do German Marshall Fund of the United States Derek Chollet, que assegura que ambos os líderes não gostam de perder e "se sentem mais confortáveis com a intimidação".

Trump iniciou a sua viagem europeia pela Polônia, país amigo cujos dirigentes conservadores compartilham muitas de suas ideias.

Uma primeira etapa fácil antes do G20, onde poderá ficar isolado diante de outros líderes em questões globais como o clima e o livre-comércio.

"Naturalmente não vamos esconder as nossas diferenças, ao contrário, vamos chamá-las pelo nome, porque há divergências de opinião em algumas questões essenciais", disse nesta quinta-feira a chanceler alemã, Angela Merkel.

O clima é um dos grandes desacordos de inúmeros países com a nova administração de Washington. Além disso, suas posições protecionistas também são questionadas, sobretudo na Europa.

A questão norte-coreana também será colocada sobre a mesa, agravada pelo lançamento na terça-feira de um míssil intercontinental.

"Peço a todas as nações que enfrentem esta ameaça global e demonstrem publicamente à Coreia do Norte que há consequências por seu comportamento muito, muito ruim", declarou Trump em Varsóvia, assegurando que estuda medidas "bastante severas".

"Bem-vindos ao inferno"

Os incidentes em Hamburgo começaram no fim do dia, com uma marcha de 12 mil pessoas protestando contra o G20. Seu objetivo era se aproximar do local do encontro, mas foram abordados pela polícia após percorrerem apenas 300 metros.

Após várias advertências da polícia, os agentes começaram a lançar bombas de gás lacrimogêneo para dispersar.

Convocada com o lema "Welcome to Hell" ("Bem-vindos ao Inferno"), foi detida pela polícia quando tentava se aproximar do centro de convenções onde ocorre a cúpula.

A manifestação desta quinta foi convocada pela autodenominada "aliança autônoma anticapitalista" e é apenas a primeira das que estão previstas na cidade pelo G20.

À frente da marcha, um grande cartaz pedia para "esmagar o G20" ("smash G20"). No sábado está prevista outra grande manifestação convocada por grupos de extrema-esquerda.

As autoridades enviaram a Hamburgo cerca de 20.000 policiais que saíram de toda a Alemanha como medida antiterrorismo e para evitar a violência nas cerca de 30 manifestações convocadas.

 

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