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Da Redação
Publicado em 24 de dezembro de 2013 às 10h46.
Johanesburgo - Os confrontos entre milícias rivais na República Centro-Africana provocaram pelo menos 200 feridos e milhares de deslocados nos últimos quatro dias, informou nesta terça-feira a organização Médicos Sem Fronteiras (MSF) em comunicado.
A última onda de violência começou em 20 de dezembro, após vários dias de relativa calma devido ao envio de soldados franceses para desarmar as milícias, segundo a fonte.
Os novos confrontos são uma continuação dos de 5 de dezembro, que opuseram as milícias partidárias do presidente interino, Michel Djotodia, muçulmano, e de seu antecessor, o cristão Michel Bozizé.
A violência entre as duas facções já deixou centenas de mortos no país centro-africano, e levou à fuga de centenas de milhares de pessoas de suas casas.
"Antes do dia 20 de dezembro vimos menos casos (de violência) em geral, e em particular (observamos) uma redução dos ferimentos à bala", disse na nota da MSF Jessie Gaffric, coordenadora de um projeto da organização no Hospital Comunitário da capital centro-africana, Bangui.
"Depois, de repente, no dia 20 de dezembro vimos 49 feridos à bala, e agora continuamos recebendo cerca de 15 (feridos por armas de fogo) a cada dia", acrescentou Graffic.
Segundo dados da MSF, um total de 60 mil pessoas encontraram abrigo em campos de refugiados situados ao redor de Bangui, onde vivem em precárias condições e pouco espaço.
Nessas condições, as infecções respiratórias dobraram entre os refugiados, que em alguns campos como o que a MSF tem ao lado do aeroporto da capital são o motivo de 16% das 450 consultas diárias aos médicos.
Os ataques das milícias "Anti-Balaka" começaram no dia 5 de dezembro, levando o caos a Bangui, onde houve intensos tiroteios com artilharia pesada. As Forças de Segurança enfrentaram as milícias cristãs.
As ações desses milicianos cristãos partidários do deposto presidente Bozizé ocorreram antes que a ONU autorizasse a intervenção militar da França, junto a uma força africana, para restabelecer a ordem no país.
Recentemente, voltaram a haver confrontos entre partidários de Seleka e milícias de autodefesa "Anti-Balaka" ("antifacão" em sango, a língua nacional), que atacaram civis muçulmanos, confissão dos membros de Seleka, mas minoritária no país.