Genebra - Aproximadamente 730 mil pessoas saíram da Ucrânia para se refugiarem na Rússia desde que começou o conflito no leste do território ucraniano, segundo dados fornecidos pelas autoridades russas e considerados "verossímeis" pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur).
"Parecem verossímeis os dados apresentados pela Rússia. Os ucranianos que cruzaram a fronteira não são turistas. Fugiram da situação no leste da Ucrânia", afirmou Vincent Cochete, diretor do escritório para a Europa do Acnur.
Segundo o Serviço Federal de Migrações russo, deste contingente apenas 168 mil pessoas pediram algum tipo de proteção.
A agência das Nações Unidas também revelou que, segundo seus cálculos, existem 117 mil deslocados internos na Ucrânia, a maioria mulheres e crianças, que abandonaram seus lares fugindo do conflito no leste do país. A Acnur, no entanto, acredita que este número seja menor ao da realidade.
De maneira geral, os homens não querem se registrar como deslocados porque temem serem recrutados pelo exército ucraniano ou serem vítimas de represálias se retornarem para onde viviam.
Integrantes de minorias étnicas, como os ciganos, por exemplo, também não se registram porque desconfiam das autoridades locais, comentou Cochetel.
Os deslocados deixaram suas casas em função do conflito armado, assim como pela interrupção de serviços públicos e do pagamento de pensões e de salários. Uma parte deles são procedentes da Crimeia, península da Ucrânia anexada em março pela Rússia depois do resultado arrasador a favor da separação em um plebiscito.
"As pensões, os benefícios para as crianças e outros pagamentos não são feitos há três meses em lugares como Lugansk e Donesk. Algumas indústrias não querem pagar impostos e o sistema bancário não funciona, o que explica o porquê do povo ir embora, além da operação militar", explicou Cochetel.
Apesar do governo recuperar gradualmente o controle em certas zonas, o Acnur assinalou que 1.200 pessoas deslocadas chegam diariamente ao centro de recepção de Oblast, distrito do leste da Ucrânia no limite das regiões de Lugansk e Donestk.
Do total de deslocados, 27 mil vivem em quarenta abrigos, e o restante está hospedado por parentes ou amigos.
"Eles vivem com muito pouco porque não estavam preparados para uma saída, mas tiveram que tomar uma decisão rápida. Quase não têm pertences e o pouco que tinham foi confiscado em postos de controle", explicou.
Cochetel disse ainda que o exército da Ucrânia recuperou 75% do território que tinha ficado sob o controle de grupos rebeldes pró-Rússia. Tratam-se de doze cidades ou povoados de importância.
Por isto, cerca de 20 mil deslocados retornaram para diferentes localidades do leste da Ucrânia, onde Cochetel disse ter ficado impressionado pelo nível de destruição da infraestrutura civil.
Em uma cidade como Slaviansk, um dos centros de operação das milícias pró-Rússia, 70% da população, de 120 mil pessoas, abandonou seus lares "e por enquanto poucos retornaram".
O representante do Acnur disse que nesta cidade 5% das casas ficaram destruídas, mas que em alguns locais até 60% foram danificadas.
"A pergunta agora é quem será responsável pela reconstrução", indagou.
Por enquanto, os combates continuam nas zonas periféricas de Lugansk e Donetsk, acrescentou Cochetel, mas o temor é que ocorra um "êxodo em massa" se acontecerem combates dentro das cidades, concluiu.
*Atualizada às 10h39 do dia 05/08/2014
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1. Velas e armas
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1/13 (Graham Denholm / Getty Images)
São Paulo – Na quinta-feira, o voo MH17 da Malaysian Airlines, que ia de Amsterdã para Kuala Lumpur, foi derrubado enquanto sobrevoava o céu do leste da Ucrânia. Desde então, o governo central ucraniano e a Rússia trocam acusações sobre quem foi responsável pelo míssil que atingiu o avião. Veja, a seguir, as fotos do desenrolar do conflito desde a queda do avião até este domingo.
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2. Pelo chão
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2/13 (Getty Images)
As bagagens e pertences pessoais das vítimas que estavam a bordo do Malaysia Airlines voo MH17 estão espalhadas por Grabovo, na Ucrânia. Segundo relatos de correspondentes internacionais, os destroços do avião estão espalhados a até 15 km do ponto central onde está a maior parte da fuselagem.
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3. Memória saqueada
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3/13 (Maxim Zmeyev/Reuters)
Dinheiro, joias, objetos pessoais e até cartões de créditos das 298 vítimas do voo MH17 da Malaysia Airlines, abatido por um míssil na Ucrânia, na sexta-feira, estão sendo saqueados. Militantes separatistas admitem que removeram objetos, além das caixas-pretas, do local do acidente.
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4. Sem destino
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4/13 (Brendan Hoffman / Getty Images)
Hoje, um vagão de trem refrigerado com parte dos corpos dos passageiros de Malaysia Airlines vôo MH17 aguarda na estação de trem para o transporte ruma a um destino ainda desconhecido. O vôo MH17 da Malaysia Airlines viajava de Amsterdã para Kuala Lumpur quando caiu matando todos os 298 a bordo, incluindo 80 crianças.
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5. Caixa-preta
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5/13 (Getty Images)
O governo da Ucrânia disse neste domingo que interceptou conversas telefônicas entre os rebeldes pró-russos e os militares russos. Os
rebeldes admitiram hoje podem estar com a caixa-preta e prometeram entregar caixas pretas do voo malaio à Organização da Aviação Civil Internacional.
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6. Represália Europeia
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6/13 (Maxim Zmeyev/Reuters)
De
acordo com o WSJ, os líderes europeus ameaçaram impor sanções mais duras contra a Rússia, em decorrência da queda do voo MH17, sem deixar ainda claro o que pode acontecer em represália. Os chanceleres da União Europeia se reunirão em Bruxelas nesta terça-feira para decidir o que fazer, mas há uma grande chance que ativos na Europa construídos por empresários russos, bem como as de empresas originárias do país, possam ser congelados.
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7. Maioria holandesa
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A maioria das 298 pessoas a bordo do voo MH 17 era de nacionalidade holandesa. Entre as vítimas havia 154 passageiros holandeses, 27 australianos, 23 malaios, onze indonésios, seis britânicos, quatro alemães, quatro belgas, três filipinos e um canadense no voo. "As famílias querem enterrar seus parentes", declarou ministro do Exterior holandês, Frans Timmermans. Um grupo de 15 especialistas holandeses foi enviado ao local da tragédia para identificar os corpos.
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8. Domingo de homenagem
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8/13 (Christopher Furlong / Getty Images)
Velas em memória das vítimas foram acesas durante uma missa especial na Igreja de Saint Vitus em Hilversum, Holanda, nesta manhã. Três famílias da cidade morreram no acidente. Por todo o país o domingo foi marcado por homenagens às vitimas da tragédia, lembradas em cultos, eventos esportivos e oficiais e no aeroporto Schiphol de Amsterdã, de onde o avião partiu na última quinta-feira.
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9. Em busca da cura
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Um participante da 20ª Conferência Internacional de AIDS que acontece hoje em Melbourne, Austrália, amarra uma fita vermelha em homenagem daqueles que perderam suas vidas no voo MH17. Pelo menos seis enviados estavam no avião rumo ao encontro dos maiores especialistas em busca da cura para a doença.
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10. EUA diz que sabe
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Os
Estados Unidos detectaram o lançamento de um míssil antiaéreo e observou sua trajetória na quinta-feira passada, quando o avião da Malaysia Airlines caiu, supostamente atingido, no leste da Ucrânia, afirmou neste domingo o secretário de Estado, John Kerry. O presidente Barack Obama já hava dito que tudo apontava para que o avião tivesse atingido por rebeldes pró-russos. 'Sabemos, com certeza, que durante o último mês houve um fluxo de armamento, um comboio de uns 150 veículos incluídos transporte de pessoal, lança mísseis, artilharia, da Rússia para o leste da Ucrânia', disse ele.
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11. Artigo editado
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11/13 (Getty Images)
O imbróglio da Ucrânia e Russia chegou à web. Primeiro, um computador de Kiev, capital da Ucrânia,
editou o artigo em russo para "acidentes de aviação comercial" colocando a culpa da queda em "terroristas da auto-proclamada República Popular de Donetsk com mísseis de sistema Buk, que os terroristas receberam da Federação Russa". Menos de uma hora depois, alguém com um endereço de IP russo mudou o texto para "o avião foi abatido por soldados ucranianos".
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12. Duas tragédias no ano
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12/13 (Maxim Zmeyev/Reuters)
Depois de ter um avião desaparecido nos ares em março, nesta quinta-feira, o Boeing 777 da companhia Malaysia Airlines com 295 passageiros a bordo caiu na região de Donetsk, no leste da Ucrânia, sem deixar sobreviventes. A
companhia já apresentava uma operação deficitária antes disso, suportada por verbas governamentais e que degringolava cada vez mais pela imagem afetada com a tragédia. Agora deve ter de enfrentar processos movidos por pessoas de vários países.
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13. Agora, veja quais são os exércitos mais poderosos
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13/13 (Bradley Rhen / US Army / Wikimedia Commons)