FBI: (Joe Raedle/AFP)
AFP
Publicado em 2 de fevereiro de 2018 às 21h25.
A nota confidencial de três páginas e meia, redigida por congressistas republicanos e tornada pública por Donald Trump, afirma "destacar temores sobre a legitimidade e legalidade de certas ações" empreendidas pelo FBI e pelo Departamento de Justiça (DoJ) americano.
O documento reprova ambas as instituições por terem cometido abusos a fim de obter o mandato de um juiz para interceptar as conversas de um ex-conselheiro diplomático da equipe de campanha de Trump, Carter Page.
Aprovada há 40 anos, a lei FISA (Foreign Intelligence Surveillance Act) impõe em efeito aos investigadores do DoJ apresentarem a um juiz federal elementos probatórios - que permitam supor, por exemplo, que um indivíduo trabalha clandestinamente para uma potência estrangeira - a fim de terem o direito a colocar essa pessoa sob escuta.
- Para obter o mandato judicial, o DoJ e o FBI se apoiaram em informações obtidas por Christopher Steele, um espião britânico. Este operava no âmbito de uma missão, financiada pelo Partido Democrata e a equipe de campanha de Hillary Clinton, o que mostra claramente uma inclinação anti-Trump.
- A solicitação de um mandato de escutas apresentada ao juiz foi assinada por quatro funcionários de alto escalão que voluntariamente omitiram detalhar as motivações políticas de Christopher Steele: o então diretor do FBI James Comey, seu ex-adjunto Andrew McCabe, a ex-procuradora-geral adjunta Sally Yates e o atual número dois do DoJ, Rod Rosenstein.
- O "dossiê" compilado por Christopher Steele representava uma "parte essencial" da demanda do mandato de escuta apresentada ao juiz federal.
- Steele também era uma fonte do FBI, embora sua credibilidade seja mais que duvidosa: mentiu para a Polícia Federal sobre seus contatos e deu informação secreta aos meios de comunicação em violação às normas de confidencialidade dos serviços de Inteligência.
- Carter Page era objeto de suspeitas do FBI desde 2013, muito antes da missão de investigação confiada a Christopher Steele.
- O caso de Steele não foi o estopim da abertura da investigação inicialmente confidencial do FBI sobre um possível conluio entre Moscou e a equipe de campanha de Donald Trump. A mesma foi aberta em julho de 2016, depois que os serviços americanos de Inteligência constataram comunicações intensas entre russos e assessores do candidato republicano, principalmente o conselheiro George Papadopoulos.
- O fato de usar ante um juiz informações provenientes de uma entidade que tenha preconceitos ou intenções ocultas (como Steele) não é excepcional: corresponde ao magistrado considerar o peso a ser dado a essas informações.