Patrimônios: o objetivo é lançar os primeiros projetos nos próximos três meses, e a prioridade serão as zonas recuperadas das mãos do EI (Omar Sanadiki/Reuters)
AFP
Publicado em 20 de março de 2017 às 16h12.
Um total de 75,5 milhões de dólares foi a promessa obtida nesta segunda-feira em uma conferência internacional em Paris para salvaguardar o patrimônio cultural ameaçado pela guerra e pelo extremismo, principalmente no Oriente Médio.
Esta soma representa três quartos dos 100 milhões de dólares que a Aliança Internacional para a Proteção do Patrimônio nas Zonas de Conflito, uma iniciativa lançada pela França, Emirados Árabes Unidos e Unesco, espera reunir até 2019.
No encontro realizado nesta segunda-feira no museu do Louvre, a França confirmou que mobilizará 30 milhões de dólares para este fundo, um número já prometido em uma conferência realizada em Abu Dhabi em dezembro.
Os Emirados Árabes Unidos anunciaram uma contribuição de 15 milhões, a Arábia Saudita de 20 milhões, o Kuwait de 5 milhões, Luxemburgo de três e Marrocos, de 1,5 milhão.
A estes valores se soma a promessa de um milhão de dólares do americano Thomas Kaplan, empresário, colecionador de arte e filantropo.
O total servirá para financiar ações preventivas e de urgência para lutar contra o tráfico ilegal de bens culturais e para restaurar as obras danificadas.
A Suíça, por sua vez, se comprometeu a apoiar as estruturas operacionais da Aliança, um esforço avaliado em oito milhões de dólares.
Outros membros prometeram contribuir em breve ou fornecer competências científicas ou diplomáticas, como Itália, Grã-Bretanha, Alemanha, China, Coreia do Sul e México.
O objetivo é lançar os primeiros projetos nos próximos três meses, e a prioridade serão as zonas recuperadas das mãos do grupo extremista Estado Islâmico (EI) no Iraque.
A Aliança Internacional para a Proteção do Patrimônio nas Zonas de Conflito também prevê criar uma "rede internacional de refúgios", integrada por museus nacionais e terceiros países, onde poderão guardar as obras ameaçadas.
A ideia remonta há dois anos, durante uma visita do presidente francês, François Hollande, à sala do museu do Louvre consagrada à civilização assíria, onde a conferência foi realizada nesta segunda-feira.
Na ocasião, Hollande denunciou os saques dos sítios arqueológicos por parte do grupo EI e do regime sírio. Precisamente quando ele falava, um comando extremista atacava o museu do Bardo na Tunísia, deixando vinte mortos.
Em março de 2001, a destruição por parte dos talibãs dos Budas de Bamiyan, no Afeganistão, gerou comoção entre a opinião pública internacional.
Desde então, o Estado Islâmico, a Al-Qaeda e grupos afins saquearam as cidades antigas de Palmira (Síria), Nínive e Hatra (Iraque), os mausoléus de Timbuctu (Mali), o museu de Mossul (Iraque), entre outras joias patrimoniais.
"Em Bamiyan, Mossul, Palmira, Timbuctu e em outros lugares, os fanáticos fizeram do tráfico, do saque e da destruição do patrimônio cultural a prolongação das perseguições contra as populações", denunciou Hollande nesta segunda-feira.