Estupro: vítima tinha apenas 13 anos (iSotck/Thinkstock)
EFE
Publicado em 21 de dezembro de 2018 às 16h57.
Freetown - Serra Leoa recebeu com indignação a condenação de dois dias de prisão emitida por um tribunal para um homem de 70 anos que estuprou uma menina de 13, o que alguns especialistas consideram "uma afronta à dignidade das vítimas e sobreviventes de violência sexual".
De acordo com Naasu Fofanah, ativista em direitos de mulheres e meninas e assessora do ex-presidente Ernest Bai Koroma, é incompreensível um juiz usar como base para emitir uma condenação o argumento de "desordem psicológica" sem pedir exames médicos.
"Como sobrevivente de estupro, vivi uma vida de trauma psicológico imposto desde que eu era pequena, enquanto o nosso sistema de Justiça beneficia o culpado", disse ela.
O homem, que era segurança na casa da vítima, foi liberado na quarta-feira passada, depois de cumprir a curta condenação, o que gerou indignação na população e a repulsa pública de Mary Okumu, responsável da ONU Mulheres no país.
"Isso é um carinho para o condenado, que foi liberado depois de cumprir dois dias de pena para cometer mais crimes", afirmou Fofanah.
O juiz da Corte Superior, Bosco Alieu, admitiu que o ato ocorreu, mas não quis aplicar a pena máxima - 15 anos de prisão no caso de estupro de menores - porque considerou que o homem era "idoso" e tinha problemas mentais.
"O homem tem problemas de saúde mental. Podem ver como ele se comporta durante o julgamento. O que faço com este homem velho e mentalmente instável? (...) Se der dez anos, ele vai morrer na prisão", explicou o juiz.
A sentença foi dada pouco depois de a primeira-dama da Serra Leoa, Fatima Maada Bio, lançar uma campanha na capital do país, Freetown, para acabar com o casamento infantil e a gravidez precoce.