Mundo

Conclave para eleger sucessor do Papa Francisco começará em 7 de maio

Definição acontece na Capela Sistina, seguindo a decisão tomada nesta segunda-feira, 28, pelos cardeais em sua quinta congregação geral

Conclave: apenas cardeais com menos de 80 anos podem votar (Franco Origlia/Getty Images)

Conclave: apenas cardeais com menos de 80 anos podem votar (Franco Origlia/Getty Images)

Da Redação
Da Redação

Redação Exame

Publicado em 28 de abril de 2025 às 08h13.

Última atualização em 28 de abril de 2025 às 08h48.

Os cardeais da Igreja Católica definiram 7 de maio como a data de início do conclave que elegerá o novo líder espiritual para os 1,4 bilhão de católicos no mundo, segundo o Vaticano. A data foi escolhida após uma reunião realizada nesta segunda-feira, 28, para definir os próximos passos dos ritos. O Conclave acontece na Capela Sistina.

O Papa Francisco, de 88 anos, morreu na segunda-feira de Páscoa, vítima de derrame e insuficiência cardíaca.

O pontífice foi sepultado no sábado na Basílica de Santa Maria Maggiore, em Roma, em um túmulo simples conforme seu pedido. A missa de corpo presente ocorreu na escadaria da Basílica de São Pedro e reuniu chefes de Estado, membros da realeza e centenas de milhares de fiéis em luto.

Na tarde de domingo, parte dos cardeais visitou o túmulo de mármore com a inscrição "Francisco" para prestar homenagem ao papa falecido. Durante o fim de semana, grandes multidões passaram pelo local de descanso final na basílica.

Quais são os preparativos para o Conclave?

Os 135 cardeais eleitores - com menos de 80 anos - seguem para a residência de Santa Marta no Vaticano, onde permanecerão hospedados durante todo o Conclave.

Na manhã do primeiro dia, os purpurados participam de uma missa solene na basílica de São Pedro.

Durante a tarde, vestidos com o hábito coral, eles se reúnem na Capela Paulina do Palácio Apostólico e, em procissão para a Capela Sistina, pedem a ajuda do Espírito Santo.

Sob a abóbada pintada por Michelangelo, os cardeais prestam juramento com a mão sobre o Evangelho.

Segundo um ritual herdado da Idade Média, o mestre de cerimônia pronuncia a frase "extra omnes" (todos fora). As pessoas que não participam da eleição abandonam a sala e, em seguida, as portas são fechadas. O objetivo é que os cardeais evitem as influências externas.

Como vai funcionar a eleição do novo Papa? Quanto tempo deve durar?

Por sorteio, três cardeais são designados "escrutinadores", outros três "infirmarii" (encarregados de recolher o voto dos purpurados doentes) e três mais como revisores para verificar a contagem.

Sentados juntos, os cardeais recebem cédulas retangulares com a frase "Eligo in Summum Pontificem" ("Elejo como Sumo Pontífice") na parte superior, com um espaço em branco abaixo.

Os eleitores escrevem o nome de seu candidato à mão, "com caligrafia o mais irreconhecível possível", e dobram a cédula. Em tese, é proibido votar no próprio nome.

Cada cardeal se dirige por turnos ao altar, segurando sua cédula no ar para que seja bem visível e pronuncia em voz alta o seguinte juramento em latim: "Ponho por testemunha a Cristo Senhor, que me julgará, de que dou meu voto a quem, na presença de Deus, acredito que deve ser eleito".

Deposita sua cédula em um prato e a desliza na urna diante dos escrutinadores, faz uma reverência diante do altar e volta para sua cadeira.

Os cardeais cujo estado de saúde ou idade avançada os impede de se aproximar do altar entregam seu voto a um escrutinador, que o deposita na urna em seu lugar.

Uma vez recolhidas todas as cédulas, um escrutinador agita a urna para misturá-las, transfere as cédulas para um segundo recipiente e outro cardeal as conta.

Dois escrutinadores anotam os nomes, enquanto um terceiro os lê em voz alta e perfura as cédulas com uma agulha no ponto em que está a palavra "Eligo". Os revisores comprovam em seguida que não foram cometidos erros.

Quantos votos são necessários para a escolha do novo papa?

Para ser eleito papa, o nome precisa ter dois terços dos votos, que são secretos e queimados após a contagem. Caso o próximo Conclave reúna 135 cardeias, serão necessários ao menos 90 votos.

Se nenhum cardeal conquistar dois terços dos votos, os eleitores procedem a uma nova votação. Exceto no primeiro dia, são previstas duas votações pela manhã e duas pela tarde até a proclamação de um papa.

As cédulas e as anotações feitas pelos cardeais são queimadas em um fogão a cada duas rodadas de votação. A chaminé, visível pelos fiéis na praça de São Pedro, expele fumaça preta se nenhum papa for eleito e fumaça branca em caso de eleição do novo pontífice.

Após três dias sem definir um pontífice, a votação é suspensa para um dia de oração.

Quando tempo pode durar o Conclave?

No histórico recente, nas eleições de Francisco, em 2013, e Bento XVI, em 2005, as votações foram resolvidas em apenas dois dias. 

Para o Conclave deste ano, o Vaticano prorrogou até 31 de maio as credenciais temporárias de jornalistas que cobrem a Santa Fé. O calendário de imprensa também indica como período de funeral e Conclave as datas entre 21 de abril e 11 de maio. 

Como será o anúncio do novo papa?

O cardeal eleito deverá responder a duas perguntas do decano: "Aceita sua eleição canônica para Sumo Pontífice?" e "Como deseja ser chamado?". Caso responda sim à primeira, torna-se papa e bispo de Roma.

Um por um, os cardeais expressam um gesto de respeito e obediência ao novo papa, antes do anúncio aos fiéis.

Da varanda da basílica de São Pedro, o cardeal protodiácono anuncia "Habemus papam". Em seguida, o novo pontífice aparece e pronuncia a bênção "urbi et orbi" (À cidade e ao mundo).

Quem serão os brasileiros no Conclave?

  • Sérgio da Rocha, Primaz do Brasil e arcebispo de Salvador, 65 anos.
  • Jaime Spengler, presidente da CNBB e arcebispo de Porto Alegre, 64 anos.
  • Odilo Scherer, arcebispo de São Paulo, 75 anos.
  • Orani Tempesta, arcebispo do Rio de Janeiro, 74 anos.
  • Paulo Cezar Costa, arcebispo de Brasília, 57 anos.
  • João Braz de Aviz, arcebispo emérito de Brasília, 77 anos.
  • Leonardo Ulrich Steiner, arcebispo de Manaus, 74 anos.

Quais são os locais chaves do Conclave

  • BASÍLICA DE SÃO PEDRO:

Sob as molduras douradas e os mármores preciosos desta basílica, os cardeais se reúnem para celebrar a missa que inicia o processo de eleição do papa. Após a cerimônia, os cardeais eleitores seguem em procissão até a Capela Sistina, cantando o "Veni Creator".

Na Basílica de São Pedro também termina oficialmente o Conclave, com a proclamação do novo papa ("Habemus papam!").

Esta é a maior igreja do mundo, com uma área de 2,3 hectares, obra de arquitetos como Bramante, Michelangelo e Bernini, construída entre 1506 e 1626.

  • CAPELA SISTINA:

Construída entre 1477 e 1480, a Capela Sistina fica à direita da Basílica de São Pedro, dentro do complexo do Palácio Apostólico. Foi erguida a pedido do papa Sisto IV e teria as mesmas medidas (40,5 metros de comprimento, 13,2 m de largura e 20,7 m de altura) que o lendário templo do rei Salomão.

O local é conhecido por seus afrescos, obras de Perugino, Botticelli e seus alunos, e, sobretudo, por sua abóbada, realizada por Michelangelo, que pintou também o célebre 'Juízo Final' na parede em frente à entrada, logo atrás do altar.

Durante o conclave, os cardeais se sentam em cadeiras de madeira de cerejeira com seu nome gravado, com mesas cobertas com toalhas bege e granate à frente. Ao fundo, fica a urna com a tampa adornada com duas figuras que representam cordeiros, na qual as cédulas com os votos são depositados.

No centro, há um púlpito com um Evangelho aberto, diante do qual os cardeais juram manter segredo sobre tudo que é falado no conclave.

A capela tem dois fogões conectados à mesma chaminé, de onde sai a única indicação do que ocorre em seu interior.

Em um fogão, o mais antigo, são queimadas as cédulas de votação e as anotações dos cardeais. O outro, mais moderno, serve para anunciar o resultado da votação. Deste último, com a ajuda de produtos químicos, sai fumaça preta (se os cardeais não chegam a um acordo) ou branca, quando um novo papa é eleito.

  • SALA DAS LÁGRIMAS:

No fundo da Capela Sistina há uma porta que dá acesso a um pequeno cômodo de nove metros quadrados, permanentemente fechado ao público. É a chamada "Sala das Lágrimas", onde cada novo papa, após ser eleito, entra na companhia do cardeal camerlengo (responsável por administrar o Vaticano durante a transição entre dois papados) e do mestre de cerimônias litúrgicas para, segundo a tradição, chorar diante da magnitude da tarefa que o aguarda e vestir sua primeira batina branca, com a qual será apresentado ao mundo.

  • CAPELA PAULINA:

Após ser eleito, e antes de entrar na 'loggia' de São Pedro para sua primeira aparição pública, o novo papa reza uma breve oração, pessoal e em silêncio, diante do Santo Sacramento. Construída em 1537 pelo arquiteto Antonio da Sangallo, o Jovem, a pedido do papa Paulo III, esta capela fica próxima da Capela Sistina e da Basílica de São Pedro.

  • RESIDÊNCIA DE SANTA MARTA:

Os cardeais eleitores se hospedam na residência de Santa Marta, construída durante o pontificado de João Paulo II, logo atrás da basílica. Antes, os cardeais ficavam em quartos improvisados e desconfortáveis do Palácio Apostólico. Nesta residência, que também inclui uma capela, cada cardeal possui um quarto e serviços próprios de um estabelecimento hoteleiro (refeições e lavanderia).

A cada manhã, os cardeais deixam a residência e seguem a pé ou de micro-ônibus até a Capela Sistina, a 500 metros de distância.

Em geral, os dormitórios possuem uma cama individual com um crucifixo acima da cabeceira. Muitos são suítes com um quarto anexo, equipado com uma escrivaninha e um telefone conectado apenas à rede interna. Nem todos os quartos possuem o mesmo nível de conforto e são distribuídos por sorteio.

Qual é a principal regra do Conclave?

Uma regra permanece imutável durante o Conclave: a partir do momento em que começa, os cardeais juram manter tudo o que ocorre em segredo, sob pena de excomunhão. Qualquer contato com o exterior, seja por meio de telefones, internet ou jornais, é estritamente proibido, exceto em casos muito excepcionais.

Todos os locais onde os cardeais vivem e trabalham estão cobertos por dispositivos de interferência que impedem o uso de telefones e tablets. Além disso, enquanto os cardeais caminham da residência de Santa Marta até a Capela Sistina, o tráfego de veículos e pedestres é interrompido para evitar qualquer contato.

Todos os funcionários que trabalham em áreas do Conclave, como motoristas, cozinheiros, recepcionistas, faxineiros, enfermeiros ou médicos, também prometem guardar silêncio, em uma cerimônia solene.

Acompanhe tudo sobre:Igreja CatólicaPapa Francisco

Mais de Mundo

Putin anuncia cessar-fogo de três dias na Ucrânia a partir de 8 de maio

Apagão geral: falta de energia paralisa Espanha, Alemanha e Portugal

Trump tem desaprovação recorde nos primeiros 100 dias de presidência, apontam pesquisas

Por que o Vaticano é a residência oficial dos papas?