Parte de Manhattan sem luz: queda de energia na maior parte do centro de Manhattan por cinco dias dificultou ainda mais o processo de limpeza (Lucas Jackson/Reuters)
Da Redação
Publicado em 5 de novembro de 2012 às 13h07.
Nova York - Quem se reuniu no Museu de Arte Moderna de Nova York, no domingo, para uma sessão sobre como salvar obras de arte danificadas nas enchentes causadas pela tempestade Sandy não teve só uma grande oportunidade de aprender sobre técnicas de secagem e controle de mofo, como também vivenciou uma espécie de reunião de grupo de apoio.
Enquanto Nova York se recupera de uma semana de quedas de energia, cancelamento dos serviços no transporte público e dezenas de milhares de pessoas desabrigadas, artistas e galeristas no centro de arte de West Chelsea, em Manhattan, estão se deparando com galerias em ruínas, depósitos inundados e obras de arte encharcadas.
Em dezenas de galerias, o nível da água chegou a 1,2 metro nos espaços de exposições do térreo, enquanto a queda de energia na maior parte do centro de Manhattan por cinco dias dificultou ainda mais o processo de limpeza. Neste fim de semana, o bairro Chelsea parecia um canteiro de obras, com lixeiras nas calçadas e operários quebrando pisos e paredes.
"Quase nenhum objeto de arte está imune a esse tipo de problema, e a grande maioria é muito sensível a isso", disse James Coddington, chefe de conservação do Museu de Arte Moderna, depois de falar com dezenas de artistas e especialistas em Manhattan.
Ele disse que espera oferecer "esperança e alguma perspectiva realista", bem como alertar sobre os riscos à saúde envolvidos na limpeza. A água da inundação pode estar contaminada com combustível e esgoto, e o dilúvio pode ter criado problemas estruturais nos edifícios.
O ofício de salvar obras de arte das águas de inundação foi bem desenvolvido desde os anos 1960, quando uma enchente devastadora atingiu Florença, na Itália, e danificou obras de valor inestimável --notadamente o Crucifixo de Cimabue.
Tempestades subsequentes nos Estados Unidos, incluindo o furacão Andrew, em 1992, e o furacão Katrina, em 2005, forçaram a comunidade artística a desenvolver técnicas para a manipulação de diferentes materiais, como criodessecação em papel e aspiração de mofo.
"Respire fundo. Você não está sozinha nisso", disse Lisa Elkin, responsável pela conservação das coleções de ciências naturais do Museu de História Natural, em Nova York.
Enquanto a tempestade Sandy atingia Nova York na segunda-feira à noite, Katie Heffelfinger, gerente de exposições, que é especializada em trabalhar com arte danificada, estava desmontando uma exposição na Pensilvânia que deveria ser movida para a Califórnia.
"Eu tinha um monte de sacos de lixo e meu bom humor para me manter firme", disse Heffelfinger. "Eu tenho manchas de pinturas que eu nunca tive antes, e isso foi muito assustador." Ela contou que tinha ido ao evento no Museu de Arte Moderna, porque gosta "de saber que eu não sou a única que está tentando secar papel de bambu".
Durante a sessão de perguntas e respostas, Alex Schuchard, um pintor cujo estúdio no South Street Seaport inundou, encharcando milhares de obras de arte, levantou-se para perguntar se ele deveria simplesmente jogar suas telas no lixo.
A resposta: não suponha que qualquer trabalho está arruinado, priorize as obras em termos de valor e busque orientação de especialistas.