A Nature Air é uma pequena empresa que faz vôos na Costa Rica, mas também atua na Nicarágua e Panamá. (.)
Da Redação
Publicado em 10 de outubro de 2010 às 04h10.
São Paulo - Negócios sustentáveis dão dinheiro. Quem garante é Alex Khajavi, CEO e fundador da única companhia aérea do mundo a neutralizar 100% suas emissões de carbono.
A Nature Air é uma pequena empresa que faz vôos na Costa Rica, mas também atua na Nicarágua e Panamá. Nos últimos oito anos, ela teve um crescimento de 30% ao ano e viu seu faturamento cair uma única vez - durante a crise do ano passado.
A empresa trabalha com pequenas aeronaves e conta com 17 destinos - 15 deles para parques nacionais, que correspondem a mais de 70% da área da Costa Rica. Ao todo, a Nature Air faz entre 74 e 100 vôos por dia e se orgulha em neutralizar o carbono emitido em todos eles.
"É difícil traçar um paralelo entre nós e as grandes empresas", disse Khajavi em passagem por São Paulo. "Mas podemos nos ver como um laboratório para futuras mudanças".
A preocupação ambiental está ligada à própria geografia do país. Com 4,5 milhões de habitantes e 1,7 milhões de visitantes ao ano, a Costa Rica tem no turismo uma de suas principais fontes de renda - responsável por cerca de 15% dos empregos. Grande parte desse mercado gira em torno da biodiversidade, uma vez que este pequeno pedaço de terra entre as Américas do Norte e do Sul contém 4% das espécies de pássaros de todo o mundo.
"Quando começamos a Nature Air, decidimos que não poderíamos realizar esse tipo de turismo enchendo o céu de carbono", diz Khajavi. A primeira medida, explica o CEO, foi estudar as rotas. "Somente com uma pequena mudança e treinamento de pilotos conseguidos economizar 7% de combustível", diz.
Em seguida, a empresa estudou para descobrir quantas árvores seriam necessárias para neutralizar suas emissões. "Pelo tipo de plantas da Costa Rica, descobrimos que as 50 toneladas de CO2 emitidas precisavam de um hectare reflorestado", conta.
<hr> <p class="pagina">O forte no trabalho, no entanto, são as ações locais. Khajavi acredita que as maiores mudanças são feitas em comunidades, e não em grandes transações como vendas de créditos de carbono. "Começamos a mobilizar a população para retornar óleo de cozinha usado, fornecendo latões e recolhimento adequado para o material. Ele é entregue a uma empresa especializada que o transforma em combustível para os carros e caminhões da Nature Air", conta.<br><br>Além disso, a empresa paga aos pequenos agricultores para que não derrubem as árvores de suas terras. "Assim, não impedimos que eles plantem pois gerar pobreza não é solução para o meio ambiente - mas impedimos que mais áreas sejam devastadas", diz. O projeto já salvou cinco mil hectares de floresta.<br><br>A filosofia de trabalhar com as pessoas também levou à criação de projetos como o Nature Kids, que ensina inglês e informática a crianças e jovens. "Em um país tão dependente do turismo, qualquer futuro profissional, seja ele advogado ou taxista, se beneficia destas habilidades", diz o CEO.<br><br>Com preços mais altos do que os da principal concorrente, a Nature Air descobriu que as pessoas estão, sim, dispostas a pagar mais por ações sustentáveis e pretende continuar investindo nesse modelo de negócio. Todo o plano de crescimento da empresa, portanto, está baseado na estrutura das localidades: "Temos planos de ir para a América Central, talvez Colômbia, mas não Estados Unidos. Queremos trabalhar onde existe possibilidade de trabalho social", diz Khajavi<br><br>O plano vem dando certo. Hoje único acionista da companhia, o senhor de 70 anos nascido no Irã já teve sócios descrentes do modelo sustentável que venderam suas cotas da empresa. "Recentemente, um deles veio querer comprar de volta sua parte", conta. As pessoas precisam perceber que negócios sustentáveis dão dinheiro".<br><br>As ações da Nature Air já renderam prêmios internacionais, como o Geotourism Challenge 2009 - oferecido pela National Geographic - e o Tourism For Tomorrow Award oferecido pelo Conselho Mundial de Viagem e Turismo (WTTC). </p>