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Como uma bolsa da Dior pode ter dado início a uma crise na Coreia do Sul?

Primeira-dama foi filmada recebendo peça de luxo de pastor que queria "suavizar" postura de Seul com a Coreia do Norte

O presidente Yoon Suk Yeol e sua mulher Kim Keon Hee (AFP/Reprodução)

O presidente Yoon Suk Yeol e sua mulher Kim Keon Hee (AFP/Reprodução)

Luiz Anversa
Luiz Anversa

Repórter colaborador

Publicado em 6 de dezembro de 2024 às 09h20.

O presidente sul-coreano Yoon Suk Yeol está lutando para sobreviver politicamente depois que sua tentativa de golpe foi frustrada. A pressão agora é por sua renúncia. O ocorrido foi parte de uma série de erros que corroeram o apoio público e podem levar ao seu impeachment. O Partido Democrata, da oposição, pretende que o Parlamento discuta a moção de destituição de Yoon no sábado. Mas essa crise de confiança não vem de agora.

Segundo a Bloomberg, um dos eventos que mudaram o sentimento da população contra seu governo foi uma bolsa de luxo da Dior dada à primeira-dama Kim Keon Hee em circunstâncias questionáveis. Embora o incidente tenha acontecido em 2022, ele só veio à tona em novembro de 2023 — e então se transformou em uma tempestade política no início de 2024.

Kim não sofreu nenhuma acusação criminal, embora os partidos de oposição tenham dito que a bolsa era um suborno e pediram uma investigação independente. Yoon e a primeira-dama negaram qualquer irregularidade e disseram que o presente era parte de uma "manobra" para desacreditá-los.

Sobre o que foi o alvoroço em torno da bolsa Dior?

Um vídeo supostamente filmado por um pastor, Choi Jae-young, que buscou um relaxamento da postura dura do presidente em relação à Coreia do Norte, mostra a compra de uma bolsa Dior por 3 milhões de wons (US$ 2.250 na época).

Usando uma câmera escondida em um relógio, Choi entra no que parece ser o escritório de uma empresa de planejamento administrada por Kim e a presenteia com uma sacola de compras que supostamente contém a bolsa Dior. Ele a passa para ela, com Kim sendo gravada dizendo: "Por que você continua trazendo isso?", e acrescenta: "Nunca compre algo caro como isso". O vídeo foi exibido cerca de um ano depois em um site político de esquerda que frequentemente apresenta visões opostas às políticas de Yoon, segundo a Bloomberg.

Em julho de 2024, os promotores interrogaram Kim por cerca de 12 horas sobre o incidente; depois, o advogado de Kim disse à Yonhap News que ela havia respondido de "maneira sincera e dito a verdade".

Os promotores finalmente descobriram que não havia evidências de que favores foram oferecidos em troca da bolsa. Yoon disse em uma entrevista que a controvérsia da bolsa Dior surgiu porque sua esposa não conseguiu cortar relações com o pastor, acrescentando: "Será importante traçar uma linha mais clara para garantir que tais incidentes não aconteçam novamente".

Mas a indignação pública sobre o incidente da bolsa Dior nunca desapareceu, e os oponentes políticos de Yoon a usaram para atacar o presidente durante grande parte de 2024.

E então veio a decisão surpresa de Yoon em 3 de dezembro de impor a lei marcial pela primeira vez desde que a Coreia do Sul alcançou a democracia plena há quase 40 anos.

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