Trump: vitória derrubou bolsas (Mark Wilson/Getty Images)
Gabriela Ruic
Publicado em 9 de novembro de 2016 às 06h55.
Última atualização em 9 de novembro de 2016 às 06h58.
São Paulo – Após meses de uma corrida eleitoral escandalosa e uma apuração acirrada, o empresário Donald Trump se consolidou como o 45° presidente dos Estados Unidos. O sucessor de Barack Obama conseguiu assegurar os 270 delegados necessários no Colégio Eleitoral e assume o cargo em 20 de janeiro de 2017.
O mundo reagiu com choque com a notícia da vitória do republicano contra a democrata Hillary Clinton. Na manhã desta quarta-feira, as bolsas asiáticas despencaram momentos antes do resultado. Japão e a Coreia do Sul convocaram uma reunião de emergência, enquanto o peso mexicano sofreu queda recorde ante o dólar.
Com pesquisas de opinião apontando uma vitória apertada de Hillary durante a maior parte da corrida eleitoral, a vitória de Trump foi recebida com surpresa por especialistas, críticos e até apoiadores da sua candidatura.
No Reino Unido, o jornal The Guardian afirma que o resultado revela o sentimento anti-establishment, a raiva dos americanos e deixa o mundo à beira do desconhecido. “O republicano conquistou uma das vitórias mais improváveis na história moderna”, considerou a publicação. Já o Financial Times comentou a crise da democracia ocidental.
Na Alemanha, o jornal Der Spiegel repercutiu a derrota de Hillary afirmando que os eleitores a enxergam como a encarnação da velha política de Washington, mas lembra que a vitória de Trump acentua a polarização no país. “Finalmente chegamos na era do populismo”, comentou um de seus editores.
Para o sul-coreano Korea Herald, Trump se “capitalizou a partir da ansiedade econômica dos eleitores, se aproveitou das tensões raciais e superou uma série de acusações de assédio sexual” e chamou a vitória de “chocante”.
No Twitter, o embaixador francês nos Estados Unidos, Gérard Araud, disse que “depois do Brexit e essa eleição, tudo é possível” e que “o mundo está entrando em colapso”. O clima de tensão foi seguido pelo ex-primeiro ministro da Suécia, Carl Bildt. “Acho que esse será o ano de desastres duplos no ocidente”, também fazendo referência à saída do Reino Unido da União Européia.
Looks like this will be the year of the double disaster of the West.
— Carl Bildt (@carlbildt) November 9, 2016
Ainda na rede social, o consagrado economista Paul Krugman, Nobel de Economia em 2008, se manifestou com pesar em uma série de tuítes na madrugada. “A vida como conhecemos poderá mudar além da nossa compreensão”, escreveu ele, “eu certamente julguei o país erroneamente”.
I don't know about other people, but I'm not wailing or turning to drink; I just feel numb. You know that life as we know it 1/
— Paul Krugman (@paulkrugman) November 9, 2016
may soon be changed beyond recognition, but it's hard to grasp, and right now there doesn't seem any alternative except to plug along 2/
— Paul Krugman (@paulkrugman) November 9, 2016
Entre os apoiadores de Trump, o clima, evidentemente, é de comemoração. Peter Thiel, fundador do PayPal e um dos maiores defensores da candidatura do republicano, lembrou em comunicado ao site Business Insider tarefa difícil que o novo presidente terá pela frente e o parabenizou pela conquista.
Na Rússia, políticos se manifestaram em apoio a Trump. Em entrevista ao jornal The Independent, Gennady Zyuganov, um dos líderes do Partido Comunista, disse crer que as sanções contra a Rússia serão retiradas e que os EUA irão reconhecer a anexação da Crimeia.