Mosul, no Iraque, depois da queda do Estado Islâmico (Thaier Al-Sudani/Reuters)
Gabriela Ruic
Publicado em 11 de julho de 2017 às 06h00.
Última atualização em 11 de julho de 2017 às 06h00.
São Paulo – Em um momento histórico, o Iraque anunciou nesta segunda-feira (10) a vitória sobre o Estado Islâmico (EI) na cidade de Mosul, que estava sob controle dos extremistas há cerca de três anos.
A declaração foi feita pelo primeiro-ministro do Iraque, Haider Al-Abadi, que estava neste que se tornou o maior reduto do grupo em solo iraquiano.
From the Old City we announce the liberation of Mosul and remember the heroic sacrifices of our armed forces and their families pic.twitter.com/9GyZ7gzXV5
— Haider Al-Abadi حيدر العبادي (@HaiderAlAbadi) July 10, 2017
"Anuncio o fim, o fracasso e o colapso do Estado terrorista de falsidade e terrorismo que o terrorista Daesh (acrônimo árabe usado para identificar o grupo) anunciou de Mosul", disse a autoridade em discurso.
"Temos mais uma missão à nossa frente, criar estabilidade, construir e desmontar células do Estado Islâmico”, finalizou ao hastear uma bandeira iraquiana.
A coalizão internacional liderada pelos Estados Unidos (EUA) parabenizou as forças iraquianas pela conquista e lembrou que a retomada de Mosul significa um “duro golpe” contra o EI.
A operação militar começou em novembro de 2016 (relembre os detalhes da ofensiva) e reuniu ao menos 100 mil efetivos, entre soldados iraquianos, combatentes curdos e milícias xiitas, e o apoio aéreo da coalizão.
A queda de Mosul nas mãos dos extremistas aconteceu em 2014, quando centenas de combatentes do EI avançaram contra os limites da cidade fortemente armados, expulsando o exército com relativa tranquilidade.
A vitória chocou o mundo, mas o incidente se tornou ainda mais impressionante depois que Abu Bakr Al-Baghdadi, líder do grupo, apareceu no púlpito da suntuosa mesquita Al-Nuri, em plena luz do dia, anunciando o estabelecimento de um califado islâmico. Há poucas semanas, extremistas explodiram o templo sagrado.
Desde então, Mosul viveu momentos sombrios. Segunda maior cidade do Iraque e localizada a pouco mais de 400 quilômetros da capital Bagdá, chegou a ter uma população de 2 milhões de pessoas e ao menos 900 mil se deslocaram dos seus limites em razão da violência do EI e se instalaram em campos por todo o país.
Além da violência e da destruição, as centenas pessoas que sobreviveram ao fogo cruzado dos últimos meses viveram uma crise humanitária grave, privados de itens básicos para a sobrevivência, como alimentos, água potável e medicamentos.
Os confrontos com o grupo podem ter cessado em Mosul, no entanto, o governo do Iraque enfrentará agora novos desafios: a reconstrução de uma cidade que está em ruínas e trazer seus residentes de volta. Imagens registradas pela agência Reuters nos últimos dias mostram o estado da cidade e a celebração de seus habitantes. Veja:
Momentos depois do anúncio do premiê iraquiano e o reconhecimento da vitória pela coalizão, foi a vez de o Estado Islâmico se manifestar. Em comunicados divulgados nas redes sociais e o app de troca de mensagens instantâneas, telegrama, o EI prometeu retaliar e disse que uma contraofensiva acontecerá.
Especialistas em assuntos militares lembram que a derrota do grupo em Mosul não é definitiva. Para Alexandra Gutowski e Jessa Rose Dury Agri, do Institudo de Estudos da Guerra, o grupo seguirá explorando falhas de segurança na cidade e sinaliza que se prepara para insurgência em novos terrenos no Iraque, como nas provincías de Diyala e Sala al-Din. Um sinal de que o front contra os extremistas deve, em breve, mudar de lugar.