(Divulgação)
Da Redação
Publicado em 2 de novembro de 2016 às 07h00.
Última atualização em 30 de novembro de 2016 às 16h02.
O diretor de cinema Alfred Hitchcock já foi atribuído à frases como "as loiras são as melhores vítimas" e a atriz Tippi Hedren sentiu na pele a força dessas palavras.
A atriz relata em sua biografia os anos em que sofreu assédios do diretor durante as gravações. O relacionamento deles mudou de um admiração entre mestre e aluno, para mais um dos casos de obsessão e abuso de poder dentro da indústria cinematográfica.
Na obra Tippi, ela se aprofunda na complicada relação com o diretor que a ajudou a potencializar o seu talento, mas que se tornou um homem "controlador", em suas palavras.
A atriz conta que foi abusada sexualmente, perseguida e torturada física e mentalmente pelo cineasta. Hitchcock, ainda, proibia que o atores conversassem com ela nos intervalos das filmagens e ela ficou cada vez mais isolada nos sets dos filmes.
"Foi um momento muito, muito terrível. Na época, assédio sexual e 'stalkear' eram termos que não existiam. E quem era mais valioso para o estúdio? Eu ou ele?", argumentou a atriz.
Ela conta que Hitchcock teria instalado uma porta que mantinha o acesso direto do escritório dele ao camarim dela, de acordo com informações da Folha de São Paulo.
"Uma vez ele veio e colocou as mãos dele em mim. Foi sexual, foi perverso. Quanto mais eu lutava, mais agressivo ele ficava", afirmou a biografada. "Hitchcock arruinou minha carreira, mas não minha vida", compartilhou.
Tippi era uma modelo bem sucedida quando o diretor a descobriu em um comercial de televisão em Los Angeles e apostou no seu rosto jovem para protagonizar os clássicos Os Pássaros (1963) e Marnie – Confissões de uma Ladra (1964).
Porém, apesar do seu desempenho elogioso nos dois filmes ela simplesmente desapareceu e nunca mais conseguiu produzir nada importante em sua carreira no cinema.
Ela recorda como uma jovem menina de uma pequena cidade de Minnesota se tornou uma lenda de Hollywood e a matriarca de uma poderosa dinastia de atrizes, que inclui sua filha, também estrela de cinema Melanie Griffith, e sua neta Dakota Johnson.
Em 2012, a denuncia da atriz veio à tona e se tornou tema de um filme da HBO, o The Girl.
A sua versão, que contribuiu com seu depoimento para o roteiro, foi interpretado por Sienna Miller. Já o Hitchcock foi vivido por Toby Jones. Ambos atores foram indicados ao Globo de Ouro na época.