TRUMP: Judis bate na tecla de que a crise econômica é o principal fator de impulsão do populismo / Kevin Lamarque/ Reuters
Da Redação
Publicado em 25 de janeiro de 2017 às 05h52.
Última atualização em 23 de junho de 2017 às 19h09.
A era de esbravejar no Twitter continua. Ontem, o presidente americano Donald Trump anunciou pela rede social que nesta quarta-feira vai começar a construção do muro na fronteira com o México. É o mesmo Trump de sempre, mas com um agravante. Agora, seus atos e falas têm consequências.
Na segunda-feira, o magnata retirou os Estados Unidos do Tratado Transpacífico, o TPP, que uniria 12 países e 40% da economia mundial. O premiê japonês, Shinzo Abe, declarou que o TPP sem os Estados Unidos é “inútil”, mas o ministro do comércio da Austrália, Steve Ciobo, é a favor de um “TPP 12 menos um”, em que “haveria alcance para a China”. Um bloco deste tamanho sob liderança chinesa certamente não é o cenário dos sonhos dos americanos.
Outro alvo de Trump é o Nafta, acordo de livre-comércio com México e Canadá. Um grupo de diplomatas mexicano chega hoje a Washington para acertar os detalhes da visita do presidente Enrique Peña Nieto, prevista para a semana que vem. Trump vai continuar falando grosso?
No Oriente Médio, o republicano iniciou as negociações para mover a embaixada em Israel de Tel-Aviv para Jerusalém, irritando os palestinos. Aproveitando-se dos novos ventos da administração Trump, o premiê israelense Benjamin Netanyahu também anunciou a construção de 2.500 novos assentamentos em território palestino, ainda que a ONU tenha chamado o caso de “violação”. A paz na região nunca pareceu tão distante.
Em outra frente, a novidade foi a permissão do presidente para a construção de dois oleodutos, ambos rejeitados por Barack Obama no passado. Um deles, que custará 3,8 bilhões de dólares e passará por terras indígenas e fontes de água em Dakota, já vinha sendo alvo de pequenas passeatas nos últimos meses. Prontamente após o anúncio, um grupo de ativistas convidou “todos os nova-iorquinos que se importam com o futuro do planeta” para uma marcha em frente à Trump Tower nesta quarta-feira.
Menos de 24 horas após a posse, Trump já sentiu o gostinho do que é ter as ruas contra si: no sábado 21, mais de 1 milhão de pessoas se reuniram em Washington para a Marcha das Mulheres, uma resposta a comentários machistas e contra minorias feitos pelo presidente. “Foi só o começo”, diz o site dos organizadores. A postura de Trump diante da pressão – das ruas e de outros países – é uma das grandes dúvidas do início de seu mandato.