O fundador do Wikileaks, Julian Assange: o australiano se refugiou na embaixada do Equador em Londres em junho de 2012 (Getty Images)
Da Redação
Publicado em 4 de fevereiro de 2016 às 10h17.
Londres - A permanência de três anos e meio do fundador do WikiLeaks, Julian Assange, na embaixada do Equador em Londres equivale a uma "detenção ilegal", irá arbitrar na sexta-feira um comitê da Organização das Nações Unidas (ONU) que examina um apelo do australiano, de acordo com a emissora britânica BBC.
Assange, ex-hacker que se encontra abrigado na representação diplomática desde junho de 2012, disse ao Grupo de Trabalho sobre Detenções Arbitrárias da ONU que é um refugiado político cujos direitos foram infringidos, uma vez que não pôde pedir asilo no Equador.
A Reuters não conseguiu confirmar de imediato a reportagem da BBC, e a ONU declarou que o veredicto de seu organismo, que não implica em cumprimento obrigatório, deve ser publicado na sexta-feira. A polícia britânica disse que Assange será preso se sair da embaixada.
O australiano, de 44 anos, é investigado na Suécia a respeito de alegações de estupro em 2010, as quais ele nega.
"Caso a ONU anuncie amanhã que perdi meu caso contra a Grã-Bretanha e a Suécia, deixarei a embaixada ao meio-dia de sexta-feira para aceitar o aprisionamento da polícia britânica, já que não há perspectiva significativa de novas apelações", disse Assange em um comunicado na conta do Wikileaks no Twitter.
"Entretanto, caso eu prevaleça e seja considerado que os organismos dos Estados agiram ilegalmente, conto com a devolução imediata de meu passaporte e com o encerramento de novas tentativas de me prender", acrescentou.
Uma decisão a seu favor representaria o fato mais recente de uma jornada tumultuada para Assange desde que ele causou revolta nos Estados Unidos e em seus aliados por usar o WikiLeaks para vazar centenas de milhares de comunicações diplomáticas e militares secretas seis anos atrás, revelações que causaram muitos constrangimentos a Washington.
Assange teme que os suecos o extraditem aos EUA, onde ele pode ir a julgamento por conta dos vazamentos, um dos maiores da história norte-americana.
Ele rendeu manchetes em todo o mundo no início de 2010, quando o WikiLeaks publicou um vídeo militar confidencial mostrando um ataque de helicópteros Apache que matou uma dúzia de pessoas em Bagdá em 2007, incluindo dois funcinários da Reuters.
Texto atualizado às 11h17.