GUAIDÓ: o auto-declarado presidente da Venezuela deve se encontrar com Bachelet em Caracas / REUTERS/Carlos Jasso
Da Redação
Publicado em 19 de junho de 2019 às 06h31.
Última atualização em 19 de junho de 2019 às 07h14.
Após uma rara noite de alívio nas tensões do dia-a-dia, com a celebração do empate da seleção de futebol contra o Brasil, ontem, os venezuelanos voltam as atenções para a crise sem fim do país. Nesta quarta-feira, 19, a Alta Comissária da Organização das Nações Unidas (ONU) para Direitos Humanos, Michelle Bachelet, aterrissará em Caracas em uma visita que deve durar até a próxima sexta-feira. O principal objetivo é realizar a vistoria de abusos e violações de direitos humanos dentro do país, mas, para além disso, Bachelet também deve se encontrar com Nicolás Maduro e Juan Guaidó em uma tentativa de mediar atritos entre governo e oposição (ou entre governo e governo, dependendo do ponto de vista).
A visita de Bachelet, ex-presidente do Chile, atende a um convite do próprio Maduro. Embora a comissária já tenha afirmado que as sanções impostas ao país, principalmente por parte dos Estados Unidos, são exacerbadas e aprofundam ainda mais a crise interna, no mês de março ela também disse, em discurso na ONU, que as forças leais a Maduro reprimem manifestações populares da oposição sem medir esforços. Segundo o escritório do alto comissariado de direitos humanos, Bachelet também deverá encontrar ministros e funcionários do governo; o presidente da suprema corte e os líderes da Assembleia Nacional venezuelana.
Há algumas semanas, a Noruega também tentou entrar no barco para a mediação de conflitos entre Maduro e Guaidó. Tanto representantes do governo quanto da oposição do país latino-americano viajaram a Oslo para tentar uma solução para a crise. “As partes mostraram disposição de avançar na busca de uma solução acordada e constitucional para o país, que inclui temas políticos, econômicos e eleitorais”, declarou o ministério das Relações Exteriores da Noruega, em comunicado.
Ainda ontem, a agência de migração da ONU confirmou que ao menos 380 imigrantes latino-americanos morreram este ano, muitos deles venezuelanos que se afogaram no Caribe ou centro-americanos que tentaram cruzar a fronteira entre os Estados Unidos e o México. No último ano, foram 241 mortes do gênero.
Às vésperas da visita de Bachelet, o governo venezuelano libertou, na última segunda-feira, o deputado opositor Gilber Caro, que estava detido desde 26 de abril sem um motivo oficial declarado. Caro já havia sido preso entre janeiro de 2017 e junho de 2018, acusado de traição à pátria e roubo de armas das Forças Armadas, mas não chegou ser condenado na ocasião. Pelo Twitter, a Assembleia Nacional, maior opositora de Maduro, escreveu que “o deputado Gilber Caro nunca deveria ter sido preso. Sai das grades, mas assim como todos os venezuelanos, ainda não tem liberdade”.
Mais chances de vitória que Bachelet tem a seleção de futebol, que volta a campo no sábado, contra a Bolívia. Uma vitória garante vaga nas quartas-de-final da Copa América.