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AFP
Publicado em 17 de junho de 2022 às 09h25.
Última atualização em 17 de junho de 2022 às 09h26.
A Comissão Europeia recomendou, nesta sexta-feira, 17, conceder à Ucrânia o status de candidata à União Europeia, uma decisão comemorada como "histórica" por Kiev no dia seguinte à visita ao país em guerra dos líderes das três maiores economias do bloco.
"A Comissão recomenda ao Conselho, em primeiro lugar, que dê à Ucrânia uma perspectiva europeia e, em segundo lugar, que lhe conceda o estatuto de candidata", anunciou a presidente do Executivo europeu, Ursula von der Leyen.
"Todos sabemos que os ucranianos estão dispostos a morrer para defender suas aspirações europeias. Queremos que vivam conosco, pelo sonho europeu", acrescentou durante uma coletiva de imprensa.
O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, reagiu no Twitter, dizendo estar "grato a Ursula von der Leyen e a todos os membros da Comissão Europeia por uma decisão histórica".
A opinião de Bruxelas será discutida durante uma cúpula de 23 a 24 de junho. Os líderes dos 27 países-membros da UE terão de aprovar o pedido por unanimidade, antes da abertura de longas negociações para a adesão da Ucrânia.
Ontem, os líderes de Alemanha, França e Itália expressaram seu apoio à adesão.
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"A Ucrânia faz parte da família europeia", disse o chanceler alemão, Olaf Scholz, durante visita à Ucrânia na quinta-feira (16), com o francês Emmanuel Macron e o italiano Mario Draghi, acompanhados do presidente romeno.
"Todos nós quatro apoiamos o status de candidato imediato à adesão", disse Macron.
O trio chegou esta manhã a Przemysl, na Polônia, em um trem especial, após sua visita surpresa a Kiev.
Apresentada em fevereiro, a análise expressa da candidatura de Kiev, é de rapidez sem precedentes, justificada pela guerra.
Para além dos benefícios políticos e econômicos, a aceitação de sua candidatura tem uma dimensão eminentemente simbólica para Kiev, de pertencimento à "família europeia" que protege seus membros.
Uma candidatura aceita da Ucrânia também levantaria a questão de sua adesão à defesa europeia, enquanto os líderes francês e alemão se comprometeram a continuar seu apoio militar a Kiev.
Depois da cúpula europeia, Zelensky poderá continuar defendendo sua causa na próxima reunião do G7, de 26 a 28 de junho, na Baviera, onde deve fazer sua primeira saída de seu país desde o início da invasão russa no final de fevereiro.
No plano energético, a gestora da rede francesa de transporte de gás GRTgaz anunciou nesta sexta-feira que deixou de receber gás russo por gasoduto desde 15 de junho, com "a interrupção do fluxo físico entre a França e a Alemanha".
A gigante russa Gazprom reduziu consideravelmente suas entregas para países europeus nos últimos dias, em particular para a Alemanha através do gasoduto Nord Stream 1, o que poderia ter causado a interrupção do fornecimento para a França.
Na Itália, a Gazprom entregará apenas 50% do gás solicitado pela Eni nesta sexta, anunciou o grupo italiano, um dia depois das acusações de "mentiras" lançadas por Mario Draghi contra a gigante russa de energia.
No "front" dos combates, as forças ucranianas enfrentam dificuldades no Donbass, a região do leste do país parcialmente controlada por separatistas pró-russos desde 2014.
Nesta sexta-feira, a ONU enfatizou que "a situação humanitária em toda Ucrânia, particularmente no leste do Donbass, é extremamente alarmante e continua a se deteriorar rapidamente".
Segundo a agência humanitária da ONU, a situação é "particularmente preocupante" em Severodonetsk e arredores.
Os combates estão concentrados há várias semanas em Severodonetsk e Lyssytchansk, duas cidades-chave para o controle do Donbass, submetidas a bombardeios constantes.
A grande fábrica de produtos químicos Azot em Severodonetsk, onde cerca de 500 civis se refugiaram junto com militares ucranianos, é impossível de evacuar sem um "cessar-fogo completo", devido aos "bombardeios e combates constantes", disse o governador da cidade, Sergii Gaidai.
Em Lysytchansk, um ataque com mísseis contra a "Casa da Cultura", onde moradores da cidade estavam refugiados, deixou três mortos e sete feridos, informou o serviço de imprensa do presidente ucraniano nesta sexta-feira. Outro civil foi morto no meio da rua em um bombardeio, segundo a mesma fonte.
Um ataque russo esta manhã em Mykolaiv, no sul da Ucrânia, também deixou pelo menos dois mortos e 20 feridos, segundo um comunicado do governador da região.
O Exército russo também afirmou que pouco menos de 7.000 "mercenários estrangeiros" de 64 países chegaram à Ucrânia desde o início do conflito e que quase 2.000 deles foram mortos.
A Marinha ucraniana anunciou, por sua vez, que destruiu um rebocador russo, o "Vasiliy Bekh". A embarcação transportava armas e munições no Mar Negro para a Ilha das Cobras, que se tornou o símbolo da resistência ucraniana.
A Rússia "já perdeu no plano estratégico" sua guerra na Ucrânia e "nunca assumirá o controle" do país, garantiu nesta sexta-feira o chefe do Estado-Maior britânico, o almirante Tony Radakin.
Segundo ele, "o presidente Putin usou 25% do poder de seu Exército para obter pequenos ganhos territoriais".
(AFP)