Deputado George Santos, do Partido Republicano (AFP/AFP)
Agência de notícias
Publicado em 17 de novembro de 2023 às 21h07.
O presidente da Comissão de Ética da Câmara dos Deputados dos EUA, Michael Guest, apresentou oficialmente uma resolução sobre a expulsão de George Santos, o deputado republicano, filho de brasileiros, envolvido desde o final do ano passado em uma série de denúncias de irregularidades, incluindo o uso de verba de campanha para pagar a assinatura de um site de conteúdo adulto.
A decisão de Guest, que também é do Partido Republicano, era dada como certa depois da divulgação, na quinta-feira, de um relatório bombástico apontando evidências de que o deputado teria violado uma série de leis federais, especialmente sobre o uso de verba destinada à sua campanha em 2022.
Ao invés de realizar pagamentos relacionados a eventos, deslocamentos e divulgação da candidatura, a Comissão de Ética descobriu que ele destinou a verba a fins menos eleitoreiros, como viagens de lazer, aplicação de botox e outros procedimentos estéticos e, no item que virou assunto em programas de humor nos EUA, uma assinatura em um site de conteúdo adulto.
"O deputado Santos buscou, de maneira fraudulenta, explorar cada aspecto de sua candidatura à Câmara para seu próprio benefício financeiro", diz o relatório. A comissão também disse ter descoberto novas evidências de "conduta ilegal", e enviou o material para o Departamento de Justiça, que pode abrir novos processos contra Santos. Recentemente, ele se declarou inocente em processos que enfrenta na Justiça Federal dos EUA, incluindo acusações de uso indevido de seguro-desemprego e de mentir em declarações sobre renda.
George Santos ganhou notoriedade ao ser eleito, em 2022, em um distrito historicamente dominado pelos democratas, e por se tornar o primeiro republicano que ainda não ocupava uma cadeira na Câmara a se eleger sendo declaradamente gay. Contudo, rapidamente surgiram denúncias de que teria falsificado seu currículo — um processo por estelionato, movido em Niterói (RJ), também veio à tona, e Santos fechou um acordo para encerrar o caso em maio.
Depois da apresentação da denúncia pela Comissão de Ética, a expectativa é de que os deputados votem o texto ainda em novembro, mas seu destino ainda é incerto. Para que um parlamentar seja expulso da Câmara, são necessários dois terços dos votos, o que significa que, além dos democratas, uma parcela considerável de republicanos também precisaria votar contra ele.
No começo do mês, uma resolução defendendo a expulsão foi rejeitada pelo plenário, mas há sinais de que, dessa vez, o resultado pode ser diferente. De acordo com o site Politico, pelo menos 60 deputados republicanos sinalizaram que votarão contra Santos — pelas estimativas, são necessários pelo menos 80 votos do partido para que a resolução passe.
"O deputado George Santos já provou que sua ética não está alinhada com o que esperamos de nossos líderes. À luz do relatório do Conselho de Ética, votarei para expulsá-lo do Congresso por seu comportamento ilegal e antiético, caso ele não faça a coisa certa e renuncie antes", disse o deputado republicano Randy Feenstra, em comunicado nesta sexta.
Seja qual for o resultado em plenário, Santos já decidiu que não buscará a reeleição em 2024 — uma pesquisa recente mostrou que quase 80% dos eleitores do distrito que o elegeu há um ano querem que ele renuncie. Até o momento, ele garante que não vai renunciar.