Profissionais de saúde usando roupa protetora são vistos no centro de atendimento ao ebola da ONG Médicos sem Fronteiras, em Monróvia, Libéria (Zoom Dosso/AFP)
Da Redação
Publicado em 8 de novembro de 2014 às 13h32.
MONRÓVIA - A comissão de direitos humanos da Libéria instou o governo a pagar uma indenização à família de um rapaz que morreu após ser baleado durante um protesto contra a quarentena para o Ebola em agosto, afirmando que soldados e policiais não dispararam no ar, como alegaram, mas diretamente contra a multidão.
O órgão supervisor de direitos do país do oeste africano condenou o deslocamento de soldados e policiais armados para reprimir o protesto no bairro de West Point de Monróvia. Moradores foram às ruas depois que o governo isolou uma favela de 75 mil pessoas na sequência de um ataque a um centro de isolamento para conter o Ebola.
A Libéria tem sido o país mais atingido pelo pior surto de Ebola de que se tem registro, que já matou quase 5 mil pessoas desde que foi detectado na remota região florestal da vizinha Guiné em março.
A Comissão Nacional Independente para os Direitos Humanos pediu que a presidente Ellen Johnson Sirleaf faça um pedido público de desculpas à família de Shaki Kamara, que morreu após ser baleado nas pernas depois que os manifestantes tentaram romper a quarentena.
"Um tiro de bala no ar não pode cair de cima e atingir as pernas de alguém, especialmente uma pessoa em pé, como era a posição de Shaki Kamara", diz o documento, descartando a versão do exército dos eventos.
"A Comissão... recomenda fortemente uma compensação monetária para a família, com o valor a ser determinado pelo governo em colaboração com o conselho inter-religioso".
O documento observou que a presidente havia ordenado que superiores militares punissem policiais envolvidos no tiroteio 20 de agosto.