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Comemoração de 'descoberta' da América gera embate entre Espanha e México

O presidente mexicano, Andrés Manuel López Obrador, vem pedindo que Espanha e Vaticano peçam desculpas por abusos na colonização

Indígenas participam da celebração de 500 anos do último dia de domínio antes da queda de Tenochtitlan para os espanhóis na praça do Zócalo, na Cidade do México, em 13 de agosto de 2021

 (AFP/AFP)

Indígenas participam da celebração de 500 anos do último dia de domínio antes da queda de Tenochtitlan para os espanhóis na praça do Zócalo, na Cidade do México, em 13 de agosto de 2021 (AFP/AFP)

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AFP

Publicado em 5 de outubro de 2021 às 19h00.

A Organização dos Estados Americanos (OEA) comemorou nesta terça-feira, 5, a chegada do navegador Cristóvão Colombo às Américas, em 12 de outubro de 1492, o que chamou de "encontro de dois mundos" diante da primeira vinda dos europeus à região.

A data foi celebrada em uma reunião a pedido da Espanha, que participa como país observador da OEA, mas o evento ficou marcado pelo silêncio do México.

A Espanha, que participa na OEA como país observador, destacou o seu "profundo afeto e respeito" às nações americanas e o seu desejo de se relacionar "em pé de igualdade" com as mesmas, durante a tradicional sessão que o Conselho Permanente do bloco regional realiza todos os anos.

A chegada de Colombo é feriado nacional espanhol, conhecido como Dia da Hispanidade.

"Hoje é um dia cujo propósito principal é celebrar e fortalecer nossas relações sólidas e históricas, olhando para o futuro", disse a embaixadora permanente da Espanha na OEA, Carmen Montón, na reunião virtual.

Em seu discurso, Montón classificou a América como uma "região absolutamente prioritária para a Espanha", alertou para possíveis "retrocessos e ameaças à democracia" na região, e parabenizou Costa Rica, El Salvador, Guatemala, México e Peru pelo bicentenário da independência da Coroa espanhola.

Por sua vez, a embaixadora do México, Luz Elena Baños, não fez qualquer pronunciamento a respeito da data. Desde que assumiu em 2019, o presidente mexicano, Andrés Manuel López Obrador, vem pedindo que Espanha e Vaticano peçam desculpas pelos abusos cometidos durante a conquista e a evangelização do México.

Há dois anos, o governo espanhol rechaçou "com toda firmeza" o pedido mexicano, ao indicar que a chegada de Colombo "não pode ser julgada à luz de considerações contemporâneas". Hoje, Montón não fez menção à tensão com o governo mexicano.

Já o representante da Santa Sé, Juan Antonio Cruz, que também participou da reunião, assinalou que o papa Francisco "já reconheceu em diversas ocasiões os erros cometidos", e também mencionou o papel de "missionários exemplares" que defenderam as populações nativas e "estabeleceram as bases para o que hoje conhecemos como os direitos dos povos indígenas".

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