Mundo

Comemoração de aniversário de Mao tem menor escala na China

Presidente Xi Jinping inicia reformas econômicas que preocupam os esquerdistas


	Estátua de Mao Tsé-Tung: venerar Mao é uma forma de pressionar a atual liderança sem se opor abertamente a ela
 (Hong Wu/Getty Images)

Estátua de Mao Tsé-Tung: venerar Mao é uma forma de pressionar a atual liderança sem se opor abertamente a ela (Hong Wu/Getty Images)

DR

Da Redação

Publicado em 26 de dezembro de 2013 às 07h55.

Pequim - A China celebrou nesta quinta-feira o 120º aniversário de Mao Tsé-tung, o fundador da China moderna, mas as festividades foram reduzidas, num momento em que o presidente Xi Jinping inicia reformas econômicas que preocupam os esquerdistas.

Mao se tornou um importante símbolo para integrantes esquerdistas do Partido Comunista Chinês, que consideram que as três décadas de reformas pró-mercado foram longe demais, criando desigualdades sociais com uma enorme disparidade entre ricos e pobres e uma corrupção disseminada. Venerar Mao é uma forma de pressionar a atual liderança sem se opor abertamente a ela.

Os sete integrantes do Comitê Permanente do Politburo do PC Chinês visitaram o mausoléu de Mao na Praça da Paz Celestial, mas em nível nacional as celebrações foram limitadas.

A agência estatal de notícias Xinhua disse que os líderes, inclusive Xi, se curvaram três vezes diante de uma estátua de Mao e prestaram homenagens a seu corpo embalsamado, "evocando os grandes feitos do Camarada Mao Tsé-tung".

Segundo Xi, Mao foi uma grande pessoa, que se apegou a suas crenças e conquistou o respeito e o amor do povo, mas que também cometeu "sérios erros", como a Revolução Cultural (1966-76), segundo a Xinhua.

"Os erros do Camarada Mao nos seus últimos anos têm seus fatores subjetivos... mas, por causa de complicadas razões sociais e históricas, tanto internas quanto no exterior, eles devem ser vistos e analisados de forma abrangente historicamente", disse Xi.

Uma fonte ligada à liderança chinesa disse, sob anonimato, que a cúpula chinesa compareceu ao mausoléu "para aplacar os esquerdistas, depois das reformas da terceira plenária".


No mês passado, uma reunião plenária da cúpula comunista divulgou o mais ousado pacote de reformas econômicas e sociais em quase três décadas, abrandando a sua política do filho único e liberalizando ainda mais os mercados.

Mas Xi e sua equipe deram prazo até 2020 para a obtenção de resultados "decisivos" -- um reconhecimento implícito da dificuldade da tarefa, quando o setor estatal, muito valorizado durante a era maoísta, continua sendo forte, e muitos estão descontentes com os crescentes problemas sociais acarretados pelas reformas econômicas do partido.

"As celebrações precisam ser grandiosas, ou as pessoas ficaram infelizes", disse outra fonte, ligada a esquerdistas tradicionais do partido.

Mao, que morreu em 1976, continua sendo uma figura polêmica.

Sua imagem adorna as cédulas de dinheiro, e seu corpo embalsamado atrai centenas ou mesmo milhares de pessoas por dia em Pequim.

Embora o partido admita que ele cometeu erros, ainda não houve um prestação de contas oficial sobre o caos da Revolução Cultural ou sobre milhões de mortes por causa da fome durante o chamado Grande Salto Adiante (1958-1961).

Acompanhe tudo sobre:ÁsiaChinareformas

Mais de Mundo

EUA autoriza Ucrânia a usar suas armas para atacar Rússia, diz Reuters

Porta-voz do Hezbollah é morto em ataque israelense em Beirute

Presidente da China diz querer trabalhar com Trump para “administrarem diferenças”

Hospedado em Copacabana, príncipe saudita preza por descrição e evita contatos; saiba quem é