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Comediante toma posse na Ucrânia e anuncia dissolução do Parlamento

Volodimir Zelenski já havia interpretado o papel de presidente, mas na série de comédia de TV "Servidor do Povo"

Volodimir Zelenski: ator tomou posse nesta nesta segunda-feira como presidente da Ucrânia (Ukrainian Governmental Press Service/Reuters)

Volodimir Zelenski: ator tomou posse nesta nesta segunda-feira como presidente da Ucrânia (Ukrainian Governmental Press Service/Reuters)

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AFP

Publicado em 20 de maio de 2019 às 08h36.

Última atualização em 20 de maio de 2019 às 15h33.

O comediante Volodimir Zelenski tomou posse nesta nesta segunda-feira como presidente da Ucrânia e anunciou a dissolução do Parlamento, medida para buscar uma maioria favorável a seu governo, para um mandato que terá como prioridade acalmar o conflito com os separatistas.

"Dissolvo o Parlamento", afirmou diante dos deputados e delegações internacionais reunidas no Parlamento para a cerimônia de posse, apesar das dúvidas jurídicas sobre seus poderes no processo de convocação de eleições antecipadas.

Antes, Zelenski anunciou que a prioridade de seu governo é conseguir o cessar-fogo na região de Donbass, no leste do país, e que, para isso, está disposto a tomar "decisões complexas".

"Nossa prioridade é conseguir o cessar-fogo em Donbass", disse Zelenski no discurso de posse durante cerimônia solene no parlamento do país.

"Posso garantir que estou disposto a tudo para que nossos heróis não sigam morrendo. Não tenho medo de tomar decisões complexas. Estou disposto a perder minha popularidade e, se for necessário, o meu cargo para que a paz seja estabelecida", afirmou Zelenski.

Além disso, o novo presidente enfatizou que esse objetivo deve ser alcançado "sem a perda de territórios".

"Nós não iniciamos esta guerra, mas nós temos que encerrá-la. Estamos dispostos ao diálogo e estou convencido de que o primeiro passo para o início desse diálogo será o retorno de todos os prisioneiros ucranianos", acrescentou Zelenski.

Zelenski já havia interpretado o papel de presidente, mas na série de comédia de TV "Servidor do Povo". Na produção, ele encarnava um professor de História eleito inesperadamente como chefe de Estado.

Agora, um mês depois a grande vitória nas urnas sobre o antecessor Petro Poroshenko, Zelenski, 41 anos, se tornou o presidente mais jovem da Ucrânia na era pós-soviética.

Seu discurso de posse foi acompanhado de perto, em busca de pistas sobre seus planos para o mandato, que não foram divulgados durante uma campanha dominada pela desilusão pública com o "establishment" político e na qual ele prometeu "romper o sistema".

Há alguns meses, a ideia de Zelenski se tornar o verdadeiro presidente da Ucrânia parecia impossível.

Quando o ator e comediante anunciou sua candidatura em 31 de dezembro, poucos levaram a sério, mas depois de uma campanha sem precedentes, baseada em grande parte nas redes sociais, ele recebeu mais de 73% dos votos no segundo turno de 21 de abril e derrotou Poroshenko.

Seu antecessor foi eleito há cinco anos com uma onda de apoio público após uma revolta popular pró-Ocidente, o que levou a Ucrânia a viver tempos excepcionalmente difíceis após a anexação da Crimeia por parte da Rússia e à explosão de um conflito armado com separatistas respaldados por Moscou, um confronto que deixou 13.000 mortos.

Poroshenko evitou o colapso total e iniciou uma série de reformas cruciais, mas foi amplamente criticado por não melhorar o nível de vida dos ucranianos nem lutar de modo eficaz contra a corrupção generalizada.

Zelenski prometeu continuar com o rumo pró-Ocidente do país, mas seus críticos perguntam como enfrentará os grandes desafios do conflito separatista e os problemas econômicos.

O presidente ucraniano não tem maioria no atual Parlamento.

Fixar uma data para sua posse exigiu semanas de negociações e Zelenski, desesperado, chamou os parlamentares de "ladrões".

"O país precisa de mudanças e reformas fundamentais", afirmou a equipe do presidente na sexta-feira.

"Esta é a demanda do povo ucraniano. E para isto, nós precisamos de um Parlamento que funcione", completou a equipe.

O novo presidente terá que lidar imediatamente com uma série de temas internacionais delicados, o que representará uma ideia dos desafios dos próximos anos.

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