Jacques Servier, no tribunal de Nanterre: as partes civis acusam Servier de tê-las enganado "deliberadamente" sobre a composição do Mediator (Lionel Bonaventure/AFP)
Da Redação
Publicado em 21 de maio de 2013 às 12h10.
Paris - O julgamento do grupo farmacêutico Servier, que produzia o medicamento Mediator, considerado responsável pela morte de pelo menos 1.300 pessoas em 33 anos de venda na França, começou nesta terça-feira em Paris.
O principal acusado, Jacques Servier, de 91 anos, presidente do grupo farmacêutico, sentou-se no banco dos réus sem das declarações à imprensa.
O remédio era prescrito para diabéticos com sobrepeso, mas também usado para perda de peso e foi comercializado até 2009.
Quase 700 vítimas recorreram ao tribunal de Nanterre, subúrbio de Paris, por reparação por "fraude agravada", sem esperar as conclusões das investigações.
Trata-se de um processo mais rápido, que implica a apresentação de provas pelas vítimas, sem que tenham acesso à investigação.
As partes civis acusam Jacques Servier de tê-las enganado "deliberadamente" sobre a composição do Mediator, omitindo o caráter "anorexígeno" (causa da anorexia) do princípio ativo do medicamento, o benfluorex.
O Mediador, presente em 140 países, foi vendido na França entre 1975 e 2009.
A composição do Mediador é semelhante a de outro produto do laboratório Servier, também destinado a reduzir o apetite, chamado Isoméride e que foi retirado de venda em 1997, tal como nos Estados Unidos.
Jacques Servier é julgado com Alain Le Ridant, farmacêutico responsável do grupo, assim como três outros funcionários da Biopharma, uma das filiais do laboratório.
Se forem considerados culpados, os réus podem receber uma pena de quatro anos de prisão e uma multa de 75.000 euros.
Segundo especialistas, a retirada de venda do Mediator "poderia ter sido decidida em 1999". O Mediator foi suspenso em novembro de 2009 e retirado definitivamente de circulação em julho de 2010.