Agência de Notícias
Publicado em 12 de janeiro de 2025 às 12h15.
Última atualização em 12 de janeiro de 2025 às 12h16.
Ministros das Relações Exteriores e outras autoridades ocidentais, islâmicas e árabes iniciaram uma reunião em Riad neste domingo para abordar a cooperação em relação à transição na nova Síria, no primeiro encontro internacional com a presença do novo chefe da diplomacia síria, Asaad al Shaibani, desde a queda do regime de Bashar al Assad.
A chamada "Reunião de Riad sobre a Síria", que acontece a portas fechadas, conta com a presença de ministros das Relações Exteriores e funcionários de alto escalão de Estados Unidos, Reino Unido, França, Alemanha, Espanha e a alta representante da União Europeia (UE) para Relações Exteriores, Kaja Kallas, bem como representantes da ONU e da Liga Árabe, entre outras autoridades europeias e de organizações árabes, internacionais e regionais, de acordo com a imprensa oficial saudita.
Também estão presentes os chefes da diplomacia de países vizinhos da Síria - Iraque, Jordânia, Líbano e Turquia - assim como Egito, Catar, Kuwait, Bahrein e Emirados Árabes Unidos, e o país anfitrião, Arábia Saudita.
De acordo com a imprensa saudita, a reunião se concentrará no levantamento, ou pelo menos no alívio, das sanções impostas pelos EUA e pela UE ao regime de Bashar al Assad após sua violenta repressão às revoltas populares de 2011, que levaram ao conflito que durou 13 anos e acabou com seu regime no último dia 8 de dezembro.
Neste sentido, a presença do ministro das Relações Exteriores do governo interino sírio é vista como vital para explicar, pela primeira vez em um encontro internacional, os planos e a orientação da nova administração de Damasco para a nova Síria, bem como as necessidades para a reabilitação e reconstrução do país após 13 anos de guerra civil.
A comunidade internacional prometeu apoio, particularmente para atender às necessidades humanitárias básicas da Síria, ao mesmo tempo em que vinculou o levantamento das sanções ao avanço do processo político, insistindo que este seja inclusivo e não exclua nenhum dos componentes políticos, étnicos e confessionais do país árabe.
Vários países ocidentais e árabes expressaram repetidamente seu desejo de saber mais sobre a direção e os planos do novo governo, chefiado pelo islamita Ahmed Al Sharaa, que liderou a coalizão de facções que derrubou Assad.
A chefe da diplomacia da UE deixou essa posição clara em Riad quando enfatizou que "estudaremos como aliviar as sanções", embora tenha ressaltado: "Mas isso deve ser acompanhado por um progresso tangível em uma transição política que reflita a Síria em toda a sua diversidade".
Destacando a importância da presença de Al Shaibani na cúpula, Kallas disse em uma mensagem no X que trocaria com seus colegas reunidos na Arábia Saudita "opiniões (...) sobre a transição desde a queda do regime de Assad".
Neste contexto, o secretário de Relações Exteriores britânico, David Lammy, declarou em Riad que seu país "julgará" o novo governo sírio "por suas ações", o que "veremos nos próximos meses".
Falando à emissora de televisão saudita “Al Arabiya”, Lammy destacou que usaria seu tempo na capital saudita para se encontrar com o ministro das Relações Exteriores do governo interino sírio.
Vários funcionários do novo governo sírio reiteraram nas últimas semanas que as sanções "foram impostas ao antigo regime", portanto não há justificativa para sua continuação após sua derrubada.
Por sua vez, a ministra das Relações Exteriores alemã, Annalena Baerbock, propôs em Riad que se considere uma "abordagem inteligente" a essas sanções, de modo a "aliviar" o sofrimento do povo sírio, sem que isso sirva a personalidades, países ou grupos que apoiaram o regime de Assad, como o Irã e o grupo xiita libanês Hezbollah.
Neste contexto, Baerbock insistiu na necessidade de manter as sanções aos "responsáveis pelos crimes" cometidos durante a guerra na Síria, considerando que isso representa um "elemento essencial para alcançar a justiça".
A ministra das Relações Exteriores alemã também anunciou em Riad que seu país destinará 50 milhões de euros para ajuda humanitária na Síria.