Pouco antes da chegada do comboio foram registrados bombardeiros em Duma (Omar Sanadiki/Reuters)
EFE
Publicado em 9 de março de 2018 às 15h16.
Beirute - O comboio humanitário que entrou nesta sexta-feira em Ghouta Oriental, o principal reduto dos opositores nos arredores de Damasco (Síria), conseguiu entregar a ajuda, apesar de a violência continuar na região, informou o Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV).
O CICV afirmou em comunicado que sua equipe, em parceria com o Crescente Vermelho na Síria e a Organização das Nações Unidas (ONU), distribuiu 2.400 pacotes de comida suficientes para 12 mil pessoas durante um mês e 3.248 sacos de farinha na cidade de Duma, em Ghouta Oriental. O Observatório Sírio de Direitos Humanos tinha informado mais cedo que foram registrados bombardeiros em Duma, a maior cidade da região, pouco antes de a chegada do comboio.
"Os combates que aconteceram nos surpreenderam, porque as partes envolvidas neste conflito garantiram que as ajudas humanitárias podiam entrar em Duma. É imprescindível que essas garantias sejam renovadas e respeitadas no futuro para que mais ajuda entre nos próximos dias", declarou o diretor regional do CICV para o Oriente Médio, Robert Mardini.
Ele aproveitou para ressaltar que "a segurança dos trabalhadores humanitários, assim como a dos civis, deveria ser garantida sempre".
Em declarações à Agência Efe dadas por e-mail, a responsável de informação do Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA) na Síria, Linda Tom, detalhou que o comboio distribuiu hoje a assistência que não conseguiu dar na segunda-feira passada em Duma, e acrescentou que a ajuda não incluía provisões médicos.
No início desta semana, uma carga com ajuda entrou em Ghouta Oriental pela primeira vez desde o início da ofensiva, mas teve que sair sem entregar toda a carga por causa dos bombardeios na região. Desde 25 de fevereiro, Ghouta sofre uma ofensiva terrestre do Exército sírio e dos seus aliados, que foi precedida por um aumento dos bombardeios feitos por aviões sírias e russos e de disparos de artilharia das forças governamentais, que já tiraram a vida de 931 civis, de acordo ao Observatório.
De acordo com a ONU, 70% das provisões médicas dessa carga foram retirados pelas autoridades sírias num posto de controle antes da entrada em Ghouta.